Crítica | Pokémon Detetive Pikachu (Pokémon Detective Pikachu) [2019]

Nota do Filme:

Pokémon sempre foi uma franquia de sucesso mundial nos jogos, expandido seu terreno para a televisão e diversos outros produtos. Agora, pela primeira vez em live action, chega aos cinemas com a adaptação do jogo “Detetive Pikachu”, entregando uma nova visão desse rico universo.

“Pokémon: Detetive Pikachu” é uma imersão a um universo onde humanos e pokémons convivem em harmonia. Aos não familiarizados, será uma viagem a um universo alternativo onde animais são substituídos por criaturas com habilidades especiais e, aos fãs, será um festival de nostalgia e saudosismo a um mundo amado e querido. No recorte da obra, Tim Goodman (Justice Smith) precisa ir até Ryme City para recolher os pertences do seu falecido pai, quando encontra o Detetive Pikachu (Ryan Reynolds) e, juntos precisarão desvendar um mistério que pode salvar o mundo pokémon.

A direção de Rob Letterman se mostra diferente de seus trabalhos anteriores. Nesse sentido, mesmo sendo um filme com temática e abordagem infantil, ele consegue envolver temas profundos aos olhares mais amadurecidos, como uso de substâncias ilícitas, metáforas sexuais, experiências genéticas em seres vivos, abuso de poder e pautas ambientalistas. Lógico que essas questões estão em subcamadas, uma vez que a história se concentra no mistério do desaparecimento do pai de Tim e de sua relação com Pikachu, o seu novo parceiro.

O roteiro (Dan Hernandez, Benji Samit, Rob Letterman e Derek Connoly) tem o desafio de construir uma narrativa que poderia facilmente ser confundida com uma paródia ou, ainda, ter se levado a sério demais, transformando tudo aquilo que é incrível no ridículo. Porém, o longa é feliz em jogar pelas próprias regras abandonando os seus símbolos mais cartunescos como as pokébolas, o pokédex e os comandos de batalha tão comuns nos jogos e nas animações. Logo, se estabelece como uma comédia aventuresca que flerta com o gênero noir (exibindo até “A Marca da Maldade”, de Orson Wells, em uma televisão), devido à atmosfera de mistério e teor urbano.

A obra acerta no seu CGI, que constrói um universo rico e palpável, com efeitos naturais que se misturam com a natureza filmada. Destaca-se a espetacular direção de arte (Ravi Banzal, Remi Tozzi e Ben Collins) que nos insere paulatinamente em tudo que cerca aquela história. Há referências aos jogos, à série animada, mas a mais digna de nota é a citação dos eventos de “Pokémon: O Filme 2000” na cronologia do longa live action. Outro fator positivo é a interpretação de Ryan Reynolds, que dá voz ao Detetive Pikachu, e demonstra toda sua capacidade cômica e carismática.

Entretanto, conta com um roteiro bastante expositivo, um erro frequente em filmes voltados para o público infantil, pois subestimam a capacidade cognitiva da criança de assimilar informações. Felizmente, Pikachu consegue brincar com essa exposição em linhas de diálogo interessantes. Outro ponto negativo é a motivação do vilão que, além de inconsequente, carece de sentido, bem como como o desenvolvimento de alguns momentos dramáticos que poderiam ser retratados com mais atenção pela trama.

“Pokémon: Detetive Pikachu” é o longa mais fofo do ano até então e, certamente, conseguirá agradar os fãs. Ainda, deve conseguir captar a atenção do público geral com uma nova aventura dos monstrinhos mais amados da cultura pop. Nostálgico, divertido e simples.