Crítica | Venom – Tempo de Carnificina (Venom – Let There Be Carnage) [2021]

Nota do filme:

Baseado nos quadrinhos Marvel, Venom é o adorável anti-herói que surgiu solo nos cinemas como protagonista em 2018, no filme que leva seu nome. Apesar de não ter uma boa recepção da crítica, o longa, dirigido por Ruben Fleischer, ultrapassou mais de 854 milhões de dólares mundialmente e quebrou vários recordes de bilheteria no mês de seu lançamento. E Venom – Tempo de Carnificina não decepciona e tampouco deve desagradar o público geral que gostou da obra anterior.

No filme de origem, Venom é apresentado como um alien que vem do espaço e se funde com o corpo do jornalista Eddie Brock (Tom Hardy), que passa a conviver com o ser extraterrestre em sua mente e, também, em suas ações. Ambos constroem uma espécie de amizade, mas em Venom – Tempo de Carnificina a relação começa a se desgastar e é com esse relacionamento conturbado que eles precisam lidar um com o outro para salvar o mundo de um inimigo em comum, cuja introdução ocorreu na cena pós-créditos do original.

Após uma breve apresentação dos novos personagens, a história passa para os dias atuais e retoma no ponto onde o primeiro terminou. Eddie está tentando se restabelecer como jornalista ao entrevistar o serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson), o que lhe confere um furo de reportagem, mas também traz consequências graves. Quando Kasady está prestes a cumprir a pena de morte ocorre um evento que lhe permite escapar da execução. E é aí que a “caçada” começa e os personagens se entrelaçam de uma maneira um tanto forçada.

Diga-se de passagem, ainda não se pode afirmar que o roteiro de ambas as obras é o primor da franquia que se inicia. Alguns furos e muletas narrativas são encontrados nos dois filmes, mas quando se fala em diversão, Venom e Venom – Tempo de Carnificina sabem bem cumprir sua função. Com muita ação, humor e a atenção voltada na relação excêntrica entre Eddie e Venom, a película retoma com força a atmosfera galhofenta do anterior e expande a obra.

O elenco do primeiro é retomado e Tom Hardy mostra que é capaz de incorporar qualquer papel, tamanho seu talento. Woody Harrelson também não desaponta e esbanja competência como o vilão Cletus Kasady/Carnificina. Ele forma um casal com Frances Barrison/Shriek (Naomie Harris) e não há como ver os dois assassinos e não lembrar de Assassinos por Natureza (Natural Born Killers, 1994), em que Harrelson fez par com Juliette Lewis com uma ótima química no melhor estilo Bonnie e Clyde.

No entanto, o ponto forte do longa é a interação entre Eddie e Venom. Ver aquele tentando controlar os impulsos deste e conter a vontade insaciável de devorar pessoas é extremamente divertido. Com a evolução do relacionamento, Venom busca seu lugar na Terra, enquanto o outro sente sua individualidade afetada. Buscando a melhor forma de lidar com a inevitável simbiose, esse dois lados precisam descobrir como viver juntos e, de alguma forma, se tornarem melhores juntos do que separados.

A frase “responsabilidade é para gente medíocre” dita por Venom para Eddie em uma cena resume bem essa sede de poder do anti-herói, que busca a todo custo ser um protetor letal. A personalidade dele, que transita entre melhor amigo com um jeito meio inocente e quase um animal doméstico do jornalista é outro ponto que trabalha em favor do filme, que conta com um humor pastelão. A cena da festa à fantasia é uma bela amostra de que o longa não se leva a sério e foi feito com o fim de divertir o público. Os conflitos entre os dois por discordarem de pontos de vista fatais também é prova disso.

A sequência mantém a atmosfera do antecessor e deve agradar ainda mais os fãs deste, permeado por piadas e com um ritmo frenético que não deixa o espectador tirar o olho da tela e, para fechar, ainda termina com uma cena que vai deixar os fãs de quadrinho extasiados. Começando, assim, a firmar-se como franquia no universo de super-heróis da Marvel e cumprindo o objetivo de divertir o público. Como se não bastasse, é válido reforçar que só a cena pós-crédito já vale a ida ao cinema.

Venom – Tempo de Carnificina estreia 07 de outubro somente nos cinemas.

Direção: Andy Serkis | Roteiro: Kelly Marcel | Ano: 2021 | Duração: 90 minutos | Elenco: Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams, Naomie Harris, Reid Scott, Stephen Graham, Peggy Lu, Sian Webber, Michelle Greenidge, Rob Bowen, Laurence Spellman, Little Simz, Jack Bandera, Olumide Olorunfemi.