Nota do filme:
Baseado nos quadrinhos Marvel, Venom é o adorável anti-herói que surgiu solo nos cinemas como protagonista em 2018, no filme que leva seu nome. Apesar de não ter uma boa recepção da crítica, o longa, dirigido por Ruben Fleischer, ultrapassou mais de 854 milhões de dólares mundialmente e quebrou vários recordes de bilheteria no mês de seu lançamento. E Venom – Tempo de Carnificina não decepciona e tampouco deve desagradar o público geral que gostou da obra anterior.
No filme de origem, Venom é apresentado como um alien que vem do espaço e se funde com o corpo do jornalista Eddie Brock (Tom Hardy), que passa a conviver com o ser extraterrestre em sua mente e, também, em suas ações. Ambos constroem uma espécie de amizade, mas em Venom – Tempo de Carnificina a relação começa a se desgastar e é com esse relacionamento conturbado que eles precisam lidar um com o outro para salvar o mundo de um inimigo em comum, cuja introdução ocorreu na cena pós-créditos do original.
Após uma breve apresentação dos novos personagens, a história passa para os dias atuais e retoma no ponto onde o primeiro terminou. Eddie está tentando se restabelecer como jornalista ao entrevistar o serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson), o que lhe confere um furo de reportagem, mas também traz consequências graves. Quando Kasady está prestes a cumprir a pena de morte ocorre um evento que lhe permite escapar da execução. E é aí que a “caçada” começa e os personagens se entrelaçam de uma maneira um tanto forçada.
Diga-se de passagem, ainda não se pode afirmar que o roteiro de ambas as obras é o primor da franquia que se inicia. Alguns furos e muletas narrativas são encontrados nos dois filmes, mas quando se fala em diversão, Venom e Venom – Tempo de Carnificina sabem bem cumprir sua função. Com muita ação, humor e a atenção voltada na relação excêntrica entre Eddie e Venom, a película retoma com força a atmosfera galhofenta do anterior e expande a obra.
O elenco do primeiro é retomado e Tom Hardy mostra que é capaz de incorporar qualquer papel, tamanho seu talento. Woody Harrelson também não desaponta e esbanja competência como o vilão Cletus Kasady/Carnificina. Ele forma um casal com Frances Barrison/Shriek (Naomie Harris) e não há como ver os dois assassinos e não lembrar de Assassinos por Natureza (Natural Born Killers, 1994), em que Harrelson fez par com Juliette Lewis com uma ótima química no melhor estilo Bonnie e Clyde.
No entanto, o ponto forte do longa é a interação entre Eddie e Venom. Ver aquele tentando controlar os impulsos deste e conter a vontade insaciável de devorar pessoas é extremamente divertido. Com a evolução do relacionamento, Venom busca seu lugar na Terra, enquanto o outro sente sua individualidade afetada. Buscando a melhor forma de lidar com a inevitável simbiose, esse dois lados precisam descobrir como viver juntos e, de alguma forma, se tornarem melhores juntos do que separados.
A frase “responsabilidade é para gente medíocre” dita por Venom para Eddie em uma cena resume bem essa sede de poder do anti-herói, que busca a todo custo ser um protetor letal. A personalidade dele, que transita entre melhor amigo com um jeito meio inocente e quase um animal doméstico do jornalista é outro ponto que trabalha em favor do filme, que conta com um humor pastelão. A cena da festa à fantasia é uma bela amostra de que o longa não se leva a sério e foi feito com o fim de divertir o público. Os conflitos entre os dois por discordarem de pontos de vista fatais também é prova disso.
A sequência mantém a atmosfera do antecessor e deve agradar ainda mais os fãs deste, permeado por piadas e com um ritmo frenético que não deixa o espectador tirar o olho da tela e, para fechar, ainda termina com uma cena que vai deixar os fãs de quadrinho extasiados. Começando, assim, a firmar-se como franquia no universo de super-heróis da Marvel e cumprindo o objetivo de divertir o público. Como se não bastasse, é válido reforçar que só a cena pós-crédito já vale a ida ao cinema.
Venom – Tempo de Carnificina estreia 07 de outubro somente nos cinemas.
Direção: Andy Serkis | Roteiro: Kelly Marcel | Ano: 2021 | Duração: 90 minutos | Elenco: Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams, Naomie Harris, Reid Scott, Stephen Graham, Peggy Lu, Sian Webber, Michelle Greenidge, Rob Bowen, Laurence Spellman, Little Simz, Jack Bandera, Olumide Olorunfemi.
Apaixonada por filmes e séries, queria transformar o mundo em um lugar melhor, deitada na minha cama, ligada na TV.
“Sou só uma garota ferrada procurando pela minha paz de espírito.” Kruczynski, Clementine (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças).