Crítica | Rua do Medo: 1978 – Parte 2 (Fear Street: 1978) [2021]

Nota do Filme:

Após Rua do Medo: 1994 – Parte 1, capítulo inicial da trilogia baseada na obra de R. L. Stine, somos levados ao final da década de 1970 para conhecermos mais a respeito das macabras tragédias que marcaram a história de Shadyside e seus habitantes, com uma narrativa iniciada logo após os eventos do primeiro filme, ou seja, com Deena (Kiana Madeira) e Josh (Benjamin Flores Jr.) buscando meios de parar a possessão sofrida por Samantha (Olivia Scott Welch). Somos então apresentados a uma nova personagem, C. Berman (Gillian Jacobs), sobrevivente do massacre ocorrido em um acampamento de verão (oi, Sexta-Feira 13) no fatídico ano do título. A partir daí, a trama é contada em flashback, de modo que acompanhamos o que se passou com Berman ao mesmo tempo que recebemos novas informações sobre Sarah Fier, a entidade por trás da maldição.

Praticamente os mesmos problemas que ocorrem na Parte 1 voltam a surgir nesta sequência. Assim, as músicas novamente são utilizadas em excesso, além de insistentemente narrarem diversas passagens. Já o equilíbrio entre o terror e o cômico, ponto tão importante em um projeto como este, mais uma vez não é atingido plenamente (embora chegue bem mais perto desta vez), algo que tira o peso dos momentos mais dramáticos. Além disso, os personagens, de maneira geral – com uma exceção, que será abordada mais adiante – são pouco desenvolvidos, o que faz com suas mortes não sejam lamentadas, ou com que os perigos que correm não sejam sentidos pelo público.

Também pode ser observada a pressa em inserir determinados (e desnecessários) elementos, outro item que se repete em 1978. Se na crítica do longa anterior destacamos que foram utilizadas três músicas noventistas para representar o estado de Deena em menos de vinte minutos, desta vez são empregadas três referências a David Bowie em menos de onze minutos. A sutileza definitivamente não é algo que interessa aos realizadores, e isso invariavelmente torna maçante a experiência de assistir ao filme.

Já a diretora Leigh Janiak, que havia apresentado alguns momentos de destaque em 1994 ao criar imagens criativas e inteligentes, investe em cenas tão escuras que temos dificuldade de enxergar o que está acontecendo. Que isso seja um recurso para representar a desorientação e confusão das personagens é algo válido, mas não deveria ser feito de tal maneira que comprometesse a nossa compreensão do que está se passando em tela.

Se o elenco não se converte em um grande atrativo em função de ser pouco desenvolvido, a exceção mencionada anteriormente fica por conta de Sadie Sink, cuja personagem se revela uma protagonista (e uma final girl) mais carismática do que Deena, possibilitando, dessa maneira, um maior envolvimento do espectador.

Dotado de mais foco e contando com uma personagem principal mais cativante do que seu antecessor, Rua do Medo: 1978 – Parte 2 apresenta um aumento na qualidade da trilogia. A persistência de muitos problemas, porém, faz com que a repetição dos erros supere o número de consertos, tornando este aumento muito mais modesto do que poderia ser.