Crítica | Rocketman [2019]

Nota do Filme:

O longa acompanha a história da figura icônica Elton John (Taron Egerton) dando entrada no centro de reabilitação após 20 de carreira devido ao uso excessivo de álcool, drogas e apetite sexual anormal refletindo sobre os pontos altos e baixos da sua vida. Rocketman mostras as inúmeras facetas do cantor e o início como o jovem tímido Reginald Kenneth Dwight no bairro londrino Pinner. 

A direção de Dexter Fletcher, que ficou conhecido recentemente por ter substituído Bryan Synger durante as filmagens de Bohemian Rhapsody ano passado, utiliza em Rocketman elementos consagrados do gênero, como o uso de flashbacks, revelando histórias do protagonista e iniciando o longa com uma cena do terceiro ato e retornando ao começo de tudo. A grande sacada, diferente do projeto anterior, foi em não utilizar músicas gravadas de Elton John para agregar valor à determinados momentos, e sim em recriar essas canções com o apoio da voz dos personagens e coreografias bem orquestradas remanescente dos musicais. 

Elton está no pior momento da vida, divorciou-se da esposa de fachada Renate Blauel, – diga-se de passagem, esse arco não é muito bem explorado no longa – está em conflito com o companheiro secreto John Reid, sente falta do afeto paterno e está afundado nos vícios. O próprio cantor, responsável pela produção executiva, fez questão que o roteiro mostrasse o seu lado promíscuo e a arrogância no auge da carreira, desta forma, apresenta camadas honestas ao personagem. Esse é o primeiro blockbuster hollywoodiano que contém cenas de sexo entre dois homens graças a escolha da Paramount pela classificação indicativa de 16 anos. 

Em seus melhores momentos, Rocketman brilha quando apresenta cenas musicais. Os destaques ficam para “The Bitch is Back” logo no início introduzindo a versão criança de Elton John, simulando contrastes em preto e branco e dançarinas com vestidos coloridos, “Saturday Night’s Alright” é ousada por apresentar um plano-sequência divertido transitando entre a versão adolescente para adulta de Elton no parque temático da região e “Crocodile Rock” no bar Troubadour em Los Angeles, criando uma comovente cena onde o público é levado às alturas. Mesmo elogiando boas sequências, é necessário destacar a escolha duvidosa de composição para as canções “Rocketman” e “Tiny Dancer”, pois estas deveriam ser o ápice do longa.

Egerton se entrega de corpo e alma para interpretar Elton John com seus maneirismos e o olhar tímido ao mesmo tempo com vontade de ser grande, também canta com maestria todas as músicas do longa, porém devido ao roteiro apressado, faltou um momento chave marcante para o protagonista. Jamie Bell interpreta Bernie Taupin, o principal compositor das músicas e amigo fiel do cantor, talvez esse seja o melhor arco do longa devido ao forte entrosamento e a amizade ágape entre os dois. Madden faz o carrasco e mercenário agente John Reid, principal affair do cantor, responsável por ocultar as polêmicas e se aproveitar dos momentos de fragilidade de Elton. Bryce Dallas Howard interpreta a mãe do protagonista que quase nunca demonstra interesse pelo filho.

Mesmo com ritmo acelerado no primeiro ato e conclusão sem empolgação, Rocketman proporciona uma experiência sólida para os fãs graças ao elenco competente, músicas realmente cantadas, sem a utilização de playbacks e por não temer em mostrar o lado polêmico do excêntrico músico Elton John.