Crítica | Pearl (2022)

Nota do Filme:

Não, por favor, eu sou uma estrela!

Em meio à Primeira Guerra Mundial e a um surto de gripe espanhola que assolava o mundo, conhecemos Pearl (Mia Goth), uma jovem cheia de sonhos e vontades interrompidos pela guerra e pela rigidez de sua família de origem alemã. Graças à convocação do marido, Howard (Alistair Sewell), para a frente de guerra, Pearl se vê de volta à casa dos pais em uma fazenda muito afastada da cidade, o que a deixa cada dia mais distante de seus anseios e de sua antiga realidade.

Pearl vive para ajudar sua mãe, interpretada por Tandi Wright, uma mulher rígida e muito sisuda que comanda sozinha a fazenda; seu pai, interpretado por Matthew Sunderland, foi acometido de uma doença incapacitante que o deixou em estado vegetativo, obrigando mãe e filha a cuidarem de todos os afazeres domésticos e ainda de todas as necessidades básicas dele, o que deixa a mãe em constante estado de desgosto com a vida.

A relação mãe e filha é marcada por constantes embates, o que não impede que Pearl dê suas escapadas sempre que pode. A necessidade de comprar remédios para o pai é a desculpa perfeita para assistir aos filmes novos que estão passando no cinema. É em uma destas oportunidades que Pearl conhece o projecionista, interpretado por David Corenswet; ele é um homem livre, que trabalha com filmes e demonstra também ter maiores ambições para a sua vida, o que é o suficiente para que a nossa protagonista rapidamente se encante por ele.

Pearl compartilha com ele o sonho de ser uma dançarina famosa e fugir de sua vida tediosa na fazenda. Ela explica que aquele tipo de vida definitivamente não é para ela. Ele concorda e a incentiva a se planejar e a buscar seus sonhos, o que ela prontamente começa a fazer. Os planos enchem-na de coragem e ela acaba se envolvendo com o projecionista, e os dois fazem planos até de se mudarem para a Europa. O problema é que Pearl tinha suas obrigações em casa, e aos poucos foi ficando claro para ela que os pais eram, na verdade, um peso.

O encontro com o projecionista e outro com a cunhada, Mitsy (Emma Jenkins-Purro), lembram-na de que há uma possível vida melhor para ela, e que essa vida deve ser sonhada e buscada a qualquer custo. Sabendo dos anseios da cunhada e também desejando uma vida melhor para ela, Mitsy convida Peal para uma audição que aconteceria em poucos dias no salão da Igreja, que resultaria na seleção de meninas para dançar em vários Estados dos EUA. Pearl, então, se enche de esperança e começa a planejar sua dança e a sua fuga.

Tudo desanda de vez quando Pearl não é selecionada e sua cunhada, é. Então, vemos um monólogo arrepiante e entendemos que todas as frustrações da protagonista são resultado de um acúmulo de anos de repressão, abusos, sonhos massacrados, injustiças e isolamento. Pearl parece explodir quando dá vazão a quem realmente é, gerando, ao mesmo tempo, uma mistura de culpa e alívio.

O filme é escrito, dirigido e produzido por Ti West. A saturação das cores traz a intensidade em igual medida aos acontecimentos, que se desdobram de maneira lenta e gradual. O ritmo do filme é perfeito e não deixa pontas soltas no roteiro, feito pelo diretor em parceria com a protagonista, Mia Goth.

Pearl é o segundo filme de uma trilogia, que começa com “X – A Marca da Morte”, seguido da prequela “Pearl” e finalizado com o ainda não lançado “MaXXXine”. A produção da A24 é um verdadeiro sucesso de críticas e está entre os melhores terrores slashers da atualidade.