Crítica | O Halloween do Hubie (Hubie Halloween) [2020]

Nota do Filme:

Ao longo de sua carreira, Adam Sandler já demonstrou que pode sim oferecer performances talentosas, como em Embriagado de Amor, Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe e Joias Brutas. E um olhar mais atento permite identificar que tais performances geralmente vêm acompanhadas de direções competentes (Paul Thomas Anderson, Noah Baumbach e os irmãos Safdie, respectivamente). É quase como se, para entregar um bom trabalho, Sandler precise estar em um projeto conduzido por um realizador minimamente qualificado. Assim, quando constatamos que O Halloween do Hubie é dirigido por Steven Brill, responsável por Um Diabo Diferente, A Herança de Mr. Deeds e Zerando a Vida, já podemos imaginar o resultado de antemão.

Aqui o ator vive o protagonista do título, um pacato balconista da cidade de Salém que é ridicularizado por toda a comunidade, recebendo um tratamento decente apenas da mãe (June Squibb) e da eterna crush Violet (Julie Bowen). Com a chegada do Dia das Bruxas e uma sucessão de eventos misteriosos, Hubie utiliza suas “habilidades” e senso de preocupação para manter os habitantes locais a salvo.

O maior problema do longa é, basicamente, não possuir graça alguma. Alguns dos recursos cômicos são os mais medíocres possíveis, com gags envolvendo vômito/peido/urina e – o que é ainda mais baixo – estereótipos raciais que surgem toda vez que um casal de fazendeiros negros discute. Outros momentos menos graves, mas nem por isso menos incompetentes, são as constantes repetições (Hubie desviando de objetos atirados contra ele) e cenas previsíveis (quando o protagonista está andando de bicicleta e se distrai olhando para Violet, é óbvio o que acontecerá em seguida).

Além disso, a composição do ator é basicamente a mesma que já havia sido empregada em O Rei da Água e Um Diabo Diferente, combinando boca entortada e voz anasalada, com eventuais gritos. Da mesma forma, a figura materna que June Squibb exerce aqui é praticamente a mesma de Kathy Bates em O Rei da Água (aliás, a capacidade que Sandler tem de arrastar nomes consagrados para as suas bombas é algo que ainda precisa ser estudado). E, claro, não poderiam faltar as pontas de nomes famosos e a presença de habituais parceiros (Kevin James, aqui mais caricato do que nunca), algo também recorrente em sua filmografia.

O roteiro, escrito por Sandler junto com Tim Herlihy (que também escreveu as bombas acima mencionadas), é uma bagunça sem sentido que consiste em Hubie sendo alvo de pegadinhas e hostilidades que desviam a narrativa de uma suposta trama principal que culmina em uma lição de moral barata.

De resto, o que sobra do longa são certas referências, aqui e ali, a filmes clássicos de terror (é preciso admitir que a de Sexta-Feira 13 é sutil e esperta) que o espectador talvez se divirta ao reconhecê-las, o que é muito pouco para quem resolva dedicar mais de cem minutos de sua vida para acompanhar um projeto que constantemente subestima sua inteligência.