Crítica | Maligno (Malignant) [2021]

“Ele disse que o nome dele é Gabriel. Acho que é alguém do meu passado”

Madison Mitchell

Nota do filme:

Maligno segue a história de Madison Mitchell (Annabelle Wallis) e seus sonhos recorrentes de assassinatos terríveis que, após investigar, descobre que estão acontecendo no mundo real. A conexão, aparentemente, está em seu passado, na sua infância dramática e uma entidade chamada Gabriel.

James Wan é um dos maiores amantes do terror da atualidade. Responsável por um verdadeiro Universo Cinematográfico do gênero, iniciado com Invocação do Mal, manifestou, por diversas vezes, o seu amor pelo tema. Assim, não é surpresa àqueles que acompanham a sua carreira que, de tempos em tempos, ele retorne de grandes blockbusters como Velozes e Furiosos 7 e Aquaman. Aqui, o diretor e roteirista tem como inspiração grandes nomes do Cinema como David Cronenberg, Dario Argento, dentre outros, com o resultado sendo um filme interessante e, mais importante, divertido.

Isto porque Maligno é muitas coisas: um terror científico e corporal com pitadas sobrenaturais e uma grande dose de ação. O roteiro, ao mesmo tempo em que é sério e “pé no chão”, sabe quando e como soltar as rédeas, o que resulta em um terceiro ato excepcional e que, com a exceção do final abrupto – o filme se beneficiaria de alguns poucos minutos a mais –, não possui falhas.

O conceito, um tanto quanto simplista e despretencioso no início, se desenvolve na medida certa, com uma fotografia invejável, acompanhada pelo ótimo uso de cores. Dessa forma, mostra-se que abraçar uma ideia aparentemente sem sentido, quando feito de forma coerente, pode ter um ótimo resultado.

Wan escreveu um script perigoso, com foco em um twist que poderia facilmente falhar. Coloca-se, basicamente, em uma difícil posição entre ser previsível e excessivamente conveniente e, é justo dizer, o modo como escapa dessa “armadilha” é bastante elegante, um ótimo meio termo entre as duas opções apresentadas.

Nesse sentido, o crescimento de sua protagonista é muito bem representada pela atriz Annabelle Wallis. Seu relaciomento com sua irmã Sydney Lake (Maddie Hasson) se torna um bom fio condutor à narrativa, de modo que Madison deve não apenas voltar ao passado para relembrar o necessário como, também, olhar para o futuro.

É justo dizer, então, que Maligno nada mais é que um “filme B” com o orçamento de um grande lançamento, dirigido por alguém que sabe o que quer entregar ao espectador. Felizmente, às vezes isso é o bastante e, com a combinação certa, tem-se uma obra a ser lembrada.