Crítica | Lightyear (2022)

Nota do filme:

Mais uma produção da Pixar e Disney, a animação conta a história de origem do Buzz Lightyear, o herói que inspirou o brinquedo em Toy Story (1995). Lightyear trata-se de uma aventura de ação de ficção científica que tem como protagonista o lendário Patrulheiro Espacial da franquia e se desenrola a partir de uma expedição em que ele, sua comandante, Alisha Hawthorne (Uzo Aduba), e a tripulação da nave espacial pousam em um planeta hostil e inabitável, com insetos voadores gigantes e criaturas ameaçadoras.

Ocorre que eles acabam ficando presos neste local e Buzz (Chris Evans) dá início a várias missões para tentar tirá-los dali. O herói imprime todos os esforços nessas tentativas, ele não sossega até alcançar o sucesso pretendido e não perde o foco, enquanto as pessoas vão se adaptando ao lugar e seguindo com suas vidas naquele mundo. A questão é que durante esse compromisso de encontrar um caminho de volta para casa, o tempo passa mais devagar para ele, que não envelhece no ritmo dos outros, permanecendo jovem ao passo que todos encanecem em sua volta.

A animação é derivada da franquia Toy Story e, como não poderia deixar de ser, é repleta de referências à saga, mas tem seus próprios personagens e se destaca facilmente da ideia central da série cinematográfica, a qual gira em torno de brinquedos que ganham vida na ausência de humanos. O longa aposta em uma outra ótica do Buzz, em que ele vive um personagem dentro de um universo em que ser um patrulheiro espacial é real, apartando-se da noção de ser “apenas” um brinquedo de criança.

O risco está justamente nesse desdobramento, tendo em vista que o spin-off conta com novos personagens e um conceito diferente do universo de Toy Story. Aqui os personagens são humanos e lidam com outros humanos, tendo o lado sci-fi de aventura espacial bem explorado, aproximando-se do roteiro de filmes do gênero. O visual é exuberante e apesar das distinções com a franquia original, percebe-se facilmente que Lightyear faz parte dela. Foi cuidadosamente elaborado para se reconhecer como componente da saga.

A obra é divertida, tem piadas, situações desafiadoras e segue a jornada de amadurecimento do herói, conceito típico de filme de origem. Com todos esses elementos, Ligthyear tinha tudo para ser incrível e encantador, mas a sensação é que falta algo, um brilho, um toque de magia, um momento verdadeiramente emocionante. O confronto com o vilão Zurg (James Brolin) não empolga e ainda deixa um gosto agridoce de que poderia facilmente ter sido diferente. O início acaba sendo inutilmente arrastado e é esse conflito final que paga o preço.

A Pixar tem um vasto currículo com produções ótimas, belas e inspiradoras, então fica difícil esperar pouco de uma obra derivada de uma franquia repleta de fãs como Toy Story. Todos os esforços deveriam ser despendidos na elaboração do roteiro de Lightyear e mesmo assim, falta criatividade e emoção. O longa comunga de concetios usuais em ficção científica e homenageia alguns clássicos do gênero, mas carece de originalidade. Não que seja ruim, longe disso, mas é menos do que o Buzz merecia.

Os personagens não são bem desenvolvidos, não possuem uma ligação significativa uns com os outros e sem esse laço entre eles fica difícil conquistar o envolvimento com o público. Exceto por Izzy (Keke Palmer) e o gatinho-robô SoX (Peter Sohn), os quais são os destaques da película e com uma verdadeira ligação com o protagonista, acabam trazendo essa relação para o público, sem falar que ambos têm seus próprios méritos. Já Darby (Dale Soules) e Mo (Taika Waititi) são alívios cômicos, que não agregam à obra e nem conseguem se conectar com os outros.

Não que sejam chatos ou que não tenha seus charmes, mas faltou mais carisma, mais a “cara” da Pixar. Nenhum deles é como um Senhor Cabeça de Batata, Rex ou os Aliens de três olhos. Contudo, conta com uma meiga relação homoafetiva muito bem-vinda, que embora seja pouco detalhada transmite o significado dela para a história. Enfim, em um futuro adiante, deve vir uma continuação que sirva para desenvolver tais figuras e é certo que para os fãs de Toy Story, vale à pena conhecer a história de Buzz Lightyear e suas aventuras ao infinito e além.

Lightyear estreia em 16 de junho de 2022 nos cinemas. Possui cenas pós-crédito.

Direção: Angus MacLane | Roteiro: Jason Headley, Angus MacLane | Ano: 2022 | Duração: 105 minutos | Elenco: Chris Evans, Keke Palmer, Uzo Aduba, Taika Waititi, Dale Soules, James Brolin, Peter Sohn.