Crítica | John Wick 3 – Parabellum (John Wick: Chapter 3 – Parabellum) [2019]

“Isso tudo por quê? Por causa de um cachorrinho?”

A Diretora

Nota do filme:

John Wick 3 – Parabellum  acompanha a trajetória de John Wick (Keanu Reeves) após assassinar Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio), membro da Alta Cúpula, no Hotel Continental de Nova York, que funciona sob a gerência de Winston (Ian McShane). Com uma recompensa de 14 milhões pela sua cabeça, busca a ajuda de Sofia (Halle Berry) para encontrar o Ancião (Saïd Taghmaoui) e, assim, sobreviver.

Nos últimos anos, o gênero havia caído em um marasmo, com roteiros desinteressantes e ação mal coreografada. Em 2014, porém, De Volta ao Jogo foi lançado, revitalizando o gênero. Após John Wick: Um Novo Dia para Matar se aprofundar no submundo dos assassinos, havia muita expectativa sobre como a sequência lidaria com as consequências das ações do protagonista. Felizmente temos, aqui, uma boa continuação, que mantém a audiência entretida do começo ao fim.

John Wick 3 – Parabellum tem início imediatamente após o final do longa anterior. Ao quebrar a regra mais importante de seu universo – sem negócios no Hotel Continental –, John se vê correndo pela própria vida. Dessa maneira, o script rapidamente deixa o espectador imerso em intensas sequências, demonstrando não apenas o perigo pelo qual passa o personagem como, também, o quão equipado ele está para lidar com a situação.

Nesse sentido, a saga nunca foi tão violenta, o que, destaca-se, não é um ponto intrinsecamente negativo. Pelo contrário, a violência exacerbada é uma progressão natural da história e condiz com o aumento do perigo que o protagonista enfrenta. Ademais, o diretor Chad Stahelski aproveita a oportunidade para aumentar o caráter cômico do roteiro, tornando esse o filme mais engraçado da franquia sem, contudo, parecer extremamente caricato. Isto porque a narrativa nunca foi tão autoconsciente de suas próprias características. Após cinco anos, é comum que certos maneirismos surjam, o que abre a oportunidade para apontar ou, ainda, subverter determinadas expectativas.

Ademais, a imersão no universo dos assassinos aumenta ainda mais. Temas abordados anteriormente, como a Alta Cúpula, recebem mais atenção. A influência e o controle que exerce no submundo do crime são personificados na Juíza (Asia Kate Dillon), interessada não apenas em Wick, mas também em todos aqueles que podem tê-lo ajudado ou, ainda, falhado em impedi-lo.

Outro ponto forte da obra são as atuações. Keanu Reeves encarna o personagem pela terceira vez e está extremamente confortável no papel. O elenco de suporte mantém a excelência. Ian McShane, como lhe é característico, consegue monopolizar a atenção quando em tela. Halle Berry, na sua primeira aparição na saga, é um ótimo acréscimo. Seu papel, ainda que pequeno, é diretamente responsável por algumas das melhores cenas e, certamente, há grande expectativa para um possível retorno ao submundo dos assassinos.

Contudo, faz-se necessário ressaltar que o roteiro apresenta alguns problemas. Nesse sentido, tem-se certa repetição nos pontos trazidos. O arco de John envolve apenas a busca por pessoas que possam, de algum modo, alterar a sua situação ante à Alta Cúpula. Ao encontrar alguém, surge a necessidade de se buscar um novo indivíduo. Essa manutenção acaba por diminuir o fator surpresa, bem como a sua profundidade. O saldo, felizmente, é positivo e o resultado final, sólido.

Sendo assim, John Wick 3 – Parabellum eleva a imersão no submundo dos assassinos ao mesmo tempo em que mantém a excelência coreográfica pela qual a franquia ficou conhecida. A despeito de problemas de script, a narrativa é consistente e encerra em um ótimo cliffhanger. A expectativa pelo final da história, então, só aumenta.