Crítica | John Wick: Um Novo Dia para Matar (John Wick: Chapter 2) [2017]

Nota do Filme:

John Wick: Um Novo Dia para Matar acompanha John Wick (Keanu Reeves) após os eventos do primeiro filme. John concretizou sua vingança contra Iosef Tarasov (Alfie Allen) por matar seu cachorro e roubar o seu carro e, posteriormente, também  contra Viggo Tarasov (Michael Nyqvist) por assassinar seu amigo.

Seus feitos repercutiram e Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio) clama uma dívida antiga. Pede que John mate sua irmã, Gianna D’Antonio (Claudia Gerini), para que possa tomar seu lugar na Alta Cúpula.

De maneira geral, há um grande risco com a produção de sequências, sobretudo de obras tão bem sucedidos quanto De Volta ao Jogo. Isto porque o padrão estabelecido é alto demais, o que aumenta a expectativa da audiência.

Além disso, uma vez que o investimento tende a ser maior, há grande possibilidade dos estúdios responsáveis interferirem na história com o intuito de garantir o retorno financeiro, o que pode dificultar a visão do diretor[1] e, por extensão, prejudicar a qualidade da experiência cinematográfica como um todo.

Felizmente este não é o caso. Ao contrário, tem-se aqui um excelente exemplo do que uma sequência deve de fato fazer. Isto é, aproveitar as bases sedimentadas pelo seu antecessor e expandir o universo no qual se passa a trama.

Desse modo, se no primeiro filme a realidade de John Wick estava um pouco distante, aqui mergulhamos por completo no submundo do crime. Há uma Alta Cúpula que mantém, de certo modo, a ordem. Ainda, esse mundo não se limita aos Estados Unidos, sendo um fenômeno que se espalha pelo planeta, acompanhado pelo Hotel Continental[2].

Além do mais, como se trata de uma trilogia, o segundo capítulo deve deixar conflitos pendentes, de modo que sejam trabalhados no encerramento da história, o que ocorre no presente caso. Há que se elogiar o planejamento do diretor Chad Stahelski e do roteirista Derek Kolstad.

A adição de Ares (Ruby Rose) e Cassian (Common), cada qual responsável pela proteção de um dos irmãos D’Antonio, cria uma excelente rivalidade para John Wick. Assim, o protagonista parece menos inatingível e mais vulnerável, o que impede que saga se torne algo pouco  relacionável.

Outra boa adição foi a do personagem Bowery King (Laurence Fishburne[3]), antigo conhecido de John, responsável por alguns dos melhores diálogos com o protagonista.

Ressalta-se que todos os elogios feitos ao primeiro longa são válidos para o seu sucessor. Desse modo, a obra conta com grande atuação do elenco. Keanu Reeves apresenta mais nuances e os novos atores entregam performances convincentes. As cenas de ação mantém a excelência conquistada anteriormente inclusive com uma cena de abertura que desde já exala qualidade.

Quanto ao enredo, como já dito, consegue expandir o seu universo de maneira ímpar, de modo que todos os acréscimos à história têm o seu devido papel nesse aprofundamento. Assim, John Wick: Um Novo Dia para Matar mostra que De Volta ao Jogo não foi um sucesso acidental e a saga se sedimenta como uma excelente franquia do gênero.

[1] Homem-Aranha 3 contou com grande interferência do estúdio, principalmente no que diz respeito ao vilão Venom.

[2] Há uma série em desenvolvimento pela emissora Starz ambientada no universo de John Wick. The Continental terá como foco a famosa rede de hotéis.

[3] John Wick: Um Novo Dia para Matar marca o reencontro de Laurence Fishburne e Keanu Reeves após a trilogia Matrix.