Crítica | Homem-Aranha: Longe de Casa (Spider-Man: Far From Home) [2019]

Nota do filme:

Homem-Aranha: Longe de Casa encerra a fase 3 do Universo Cinematográfico Marvel – MCU – com um filme divertido, sagaz e satisfatório. Após uma breve cena de apresentação de Mysterio (Jake Gyllenhaal), o longa introduz a vinheta com os super-heróis, típica da Marvel. Mas, dessa vez com fundo musical meloso para servir de homenagem que fará rir e, ao mesmo tempo, cair lágrima dos olhos dos fãs mais sensíveis. Dirigido por Jon Watss (Homem-Aranha: De Volta ao Lar) conta com o elenco principal da projeção anterior (Tom Holland, Marisa Tomei, Jon Favreau, Jacob Batalon e Zendaya), além de novos personagens.

Na comparação com o antecessor, o atual possui um enredo mais grandioso, as sequências de ação são mais empolgantes e a companhia de Mysterio confere um plus notável à obra. A história se passa após os eventos de Vingadores: Ultimato, com algumas explicações iniciais para fazer a conexão e ambientar o público sob o aspecto temporal dos fatos. Enquanto em Homem-Aranha: De Volta ao Lar, que se passa dois meses após os acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil, Peter Parker (Tom Holland) estava sedento por mais uma missão, neste ele quer apenas aproveitar as férias como um adolescente normal.

Por isso, o tom inicial é morno, mas divertido, lembrando uma comédia romântica adolescente, com Ned (Jacob Batalon) novamente como alívio cômico e Michelle “MJ” (Zendaya) como par romântico do Aranha. Essa estrutura já esboçada no precedente, com o frescor dos novos ares, ainda funciona e satisfaz, com a comédia e o romance nas medidas certas. No entanto, não tarda até que Happy Hogan (Jon Favreau) e Nick Fury (Samuel L. Jackson) entrem em cena, garantindo a conversão para o gênero esperado e trazendo muita ação, que compensa a calma do primeiro ato.

Parker, pressionado pela possibilidade de se tornar o substituto do Homem de Ferro e ainda sofrendo sua perda, mostra-se um pouco mais maduro e determinado, apesar de ainda contar com personagens adultos precisando lhe fazer algumas advertências. Mysterio e Happy fazem às vezes de Tony Stark (Robert Downey Jr.) em alguns momentos, incentivando, orientando e repreendendo o protagonista. Essas interações estilo pai-e-filho seguem ao longo da narrativa e são necessárias para lembrar que apesar de possuir grandes poderes, trata-se apenas de um adolescente (em luto). A química entre os personagens é palpável, a construção da relação entre Peter e Mysterio precisava funcionar para a narrativa dar certo e tudo se encaixa perfeitamente.

O vilão está bem representado, contudo, poderia ter evitado a típica cena do gênero em que ele explica para o público o seu plano mirabolante e a justificativa para seus atos. Essa explicação poderia ser de outra forma, pois é estranho pensar que ele está contando fatos que todos os presentes já sabem, só para o público tomar conhecimento. Ademais, a motivação não convence muito. Contudo, tal clichê não estraga o ótimo filme, nem prejudica a excelente performance do badguy.

Acreditar no que está vendo, apesar de saber que se trata de mera ficção, é a verdadeira magia do cinema. E Longe de Casa desafia durante toda a obra essa ilusão que só o cinema é capaz de produzir. A direção de arte contribui para a fantasia, com efeitos ilusionistas e surreais que traduzem a complexidade imagética da produção. Destaca-se, também, a equipe de som: tanto a sonoplastia como a trilha sonora do compositor Michael Giacchino dão um toque simpático e enriquecem a comicidade da película (ressalta-se o encontro entre Parker e Fury).

Jon Watts acerta novamente: o longa preenche todos os requisitos de um bom filme de super-herói: interação entre os personagens, sequências dinâmicas de ação, vilão intrigante, história envolvente e divertida, que culmina em imbróglio, reviravolta e desfecho. Conta com easter eggs, fan service e uma evolução narrativa até eclodir em uma cena chocante e surpreendente pós-créditos. Com mais ação e grandiloquência Homem-Aranha: Longe de Casa empolga, emociona e diverte, superando o antecessor e sedimentando a carreira de Jon Watts e Tom Holland no universo de super-heróis.

Homem-Aranha: Longe de Casa estreia em 04 de julho nos cinemas (possui duas – imperdíveis e impactantes – cenas pós-crédito).