Crítica | Frozen 2 (2019)

Nota do Filme:

Após 6 anos, as irmãs Elsa (Idina Menzel/Taryn Szpilman) e Anna (Kristen Bell/Erika Menezes) voltam para encantar em uma animação divertida e emocionante. De volta à infância, as duas ouvem uma história do pai, Rei Agnarr (Alfred Molina), quando ele ainda era príncipe de Arendelle. Ele narra uma visita à Floresta Encantada com seu pai, o Rei Runeard (Jeremy Sisto), quando este estabeleceu um tratado com a Tribo de Northuldra, construindo uma represa no local.

No entanto, um acontecimento inesperado provocou uma guerra entre os soldados arendellianos e o povo da tribo, enfurecendo os espíritos que habitavam a floresta. Ele conta que conseguiu escapar com a ajuda de um desconhecido e foi salvo após ouvir uma voz misteriosa, mas, o lugar foi fechado, de forma que ninguém consegue mais entrar ou sair da Floresta Encantada.

Esse relato embasa o enredo da nova animação, que conta com a união das irmãs, o reino de portas abertas e muita fartura, simbolizando a prosperidade e a paz após três anos dos eventos do primeiro longa. Não tarda até que Elsa passe a ouvir uma voz misteriosa, como um chamado da natureza, e, apesar de tentar resistir, sucumbe e parte ao encontro da voz, despertando os espíritos da floresta. E, assim, tem início a nova aventura das irmãs, que seguem com Olaf (Josh Gad/Fábio Porchat), Krystoff (Jonathan Groff/Raphael Rossato) e Sven em uma nova jornada para salvar Arendelle de uma maldição envolvendo os quatro espíritos fundamentais: água, ar, fogo e terra.

O filme trata de amor, coragem, liberdade, amizade e autodescoberta, passando pelo drama, pela comédia e aventura. Este é mais interessante, intenso e sombrio, as meninas estão mais maduras e Olaf mais engraçado e participativo. O anterior funciona como um prelúdio e neste a história apresenta seus desdobramentos e expande o universo da trama, apenas não consegue emplacar com uma canção símbolo da franquia, como foi com Let it Go.

Depois de 6 anos, finalmente o espectador e fã do antecessor descobre os segredos sobre os poderes de Elsa, que, enfim, são revelados e pode-se dizer que a espera é recompensada. O passado e o presente se encontram para explicar as raízes de Arendelle, o que demonstra que o original serviu apenas de base para introduzir uma história maior e mais instigante. A narrativa é coerente e verossímil.

Enquanto o predecessor trata daquele momento da fábula, este foca nos acontecimentos passados para entender o presente e poder salvar o futuro. Sem a necessidade de apresentar os personagens, já conhecidos do público, a obra revela seus principais pontos no primeiro ato, o que permite mais espaço aos acontecimentos posteriores.

No entanto, Elsa e Anna desvendam muito facilmente os fatos mais enigmáticos, o que se justifica tendo em vista o público infantil, que poderia ter dificuldade de descobrir e entender por si só. Mas é, também, uma forma de simplificar o roteiro, pois algumas dessas passagens não seriam de tão fácil conclusão, como quando Elsa conclui ligeiramente que acordou os espíritos da Floresta ou quando Anna percebe, também de forma rápida, o que tem que fazer após uma mensagem reveladora da irmã. Não seria tão óbvio deduzir os fatos sem a ajuda das protagonistas.

Olaf é mais que um alívio cômico, serve para romper a narrativa e, por vezes, rouba a cena. Ele lembra, em alguns lances, o Burro de Shrek, mas tem personalidade, carisma e uma inocência provocativa. Ele é o responsável por um momento no qual o longa retoma o estilo dos desenhos clássicos da Disney, promovendo uma atmosfera de nostalgia e encanto. Já o vovô Pabbie (Ciarán Hinds), uma espécie de Mestre dos Magos (Caverna do Dragão), retorna neste em poucas cenas junto com os Trolls da Floresta, dando lugar aos nativos da tribo, que aqui tem mais espaço. Porém, o núcleo do original segue em foco, sem aprofundar nas figuras novas.

Anna continua forte e destemida, capaz de tudo para salvar a irmã Elsa, a qual permanece alheia ao que se passa, como se ainda não tivesse achado seu lugar no mundo e é aqui que ela vai em busca de suas raízes tentando se encontrar e descobrir as próprias origens. Kristoff protagoniza momentos de romance e entoa uma canção em uma passagem um tanto quanto brega, que rompe com o estilo do filme e, por isso mesmo, torna a cena especial. Ele foi o personagem mais descartável para a narrativa, mas teve sua graça.

A continuação traz um enredo soturno, cômico e emocionante, que levará os fãs a, finalmente, entender os segredos da origem dos poderes da Rainha do Gelo. Não é uma animação voltada apenas para crianças, todo o público que gostou do primeiro deve se encantar com a sequência e quem não conhece vale à pena a ida ao Cinema, pois o boneco de neve mais querido das telonas faz um incrível resumo bem-humorado do anterior para o espectador não se perder na história e relembrar os fatos passados, que, por si só, já vale o ingresso.

Frozen 2 estreia em 02 de janeiro de 2020 no cinema brasileiro (possui cena pós-crédito).

Direção: Jennifer Lee, Chris Buck | Roteiro: Jennifer Lee, Allison Schroeder | Ano: 2019 | Duração: 103 minutos | Elenco: Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff, Sterling K. Brown, Evan Rachel Wood, Martha Plimpton, Rachel Matthews, Alfred Molina, Santino Fontana.