Crítica | As Viúvas (Widows) [2018]

Nota do Filme:

Inspirado na série homônima criada nos anos 80 por Lynda La Plante, As Viúvas acompanha a história de quatro mulheres que perdem os maridos durante um assalto malsucedido comandado por Harry Rawlings (Liam Neeson). Após o ocorrido, a esposa de Harry, Veronica (Viola Davis) é cobrada por uma dívida deixada por seu marido com o valor de 5 milhões de dólares. Para devolver esse dinheiro a gangue criminosa, ela pede ajuda das viúvas Alice (Elizabeth Debicki), Linda (Michelle Rodriguez) e Amanda (Carrie Coon) onde juntas, elaboram um plano para salvar suas vidas.

Este é apenas quarto filme do diretor Steve McQueen, consagrado pelo melancólico Shame (2011) e pelo forte 12 Anos de Escravidão (2013), que acabou rendendo o Oscar de Melhor Filme. Mesmo sendo um território inédito para McQueen, é possível notar algumas diferenças na maneira como são montadas as cenas de ação: excelente uso de câmeras giratórias, causando urgência e ansiedade no espectador, planos- sequências filmados dentro do carro, sendo que a ação acontece do lado de fora. É uma projeção em menor escala, mas sem perder a essência do gênero.

Embora o longa flerte também com o estilo Heist (filmes de assalto, perseguição), As Viúvas não tenta ser grandioso ou inovador, a maioria dos acontecimentos são tratados sem grande alarde, evitando aquele clichê de assalto a banco ou joalherias bilionárias. A intenção do roteiro, também escrito por McQueen em parceria com Gillian Flynn – escritora de Garota Exemplar, Objetos Cortantes – é de tentar causar empatia com as protagonistas, onde cada uma apresenta uma característica diferente. O filme também executa segundo núcleo comandado por Colin Farrell e Brian Tyree Henry, onde ambos estão concorrendo a um cargo político. O grande acerto do roteiro é a capacidade de intercalar esses dois arcos sem parecer que são dois filmes em um. De um lado temos o filho almofadinha que está sendo obrigado a participar da eleição porque seu pai – o brilhante Robert Duvall – necessita do sucessor para o seu posto, clássico exemplo de nepotismo; já o outro lado apresenta a versão humilde e, a princípio, a urgente para a vizinhança. Porém a grande ideia do longa é mostrar que a fonte de verba de ambos os lados é retirada do mesmo lugar. Apenas as aparências que mudam.

Falando no elenco, o grande destaque fica para Viola Davis, é ela que move boa parte da projeção, pois é a líder do grupo, além de precisar de pulso firme para lidar com os criminosos e a colaboradas do roubo. O relacionamento dela com o marido é mostrado através de flashbacks, resultando sentimentos de dor, saudades e também de muita revolta. Rodriguez e Debicki também entregam performances sólidas quando contracenam com Davis. A exceção fica para Carrie Coon que além de uma curta aparição, é prejudicada por facilitações do roteiro. Mesmo não sendo uma viúva, Cynthia Erivo traz dinamismo quando começa a contracenar com as protagonistas do longa. Daniel Kaluuya faz um excelente antagonista na trama, sua postura traz à tona características necessárias para o espectador sentir um certo ódio do personagem, o que é excelente.

Além de conseguir mostrar mulheres fortes durante a projeção, As Viúvas também consegue encontrar o ritmo certo entre ação e o drama, resultando em um projeto minimalista, mas sem esconder os lados da história.