Crítica | Colheita Amarga (Bitter Harvest) [2018]

Nota do Filme:

Colheita Amarga acompanha a vida de Yuri (Max Irons), filho de Yaroslav (Barry Pepper) e neto de Ivan (Terence Stamp), guerreiros cossacos. Entretanto, por ser um artista nato, se afastou da vida de lutas e focou em sua arte.

Apaixonado por Natalka (Samantha Barks) desde a infância, buscava uma vida pacífica ao seu lado. Assim, deixou o seu vilarejo para trás em busca do seu sonho artístico e, ao mesmo tempo, para prover sustento aos seus familiares e à sua amada, uma vez que sua antiga morada havia sido tomada, a mando de Josef Stalin (Gary Oliver), pelo Exército Vermelho comandado por Sergei (Tamer Hassan).

 

 

O filme é inspirado em fatos reais. Na década de 1930, como política de Estado, Stalin determinou que os camponeses ucranianos cumprissem determinadas metas na produção de grãos. Entretanto, uma vez que a demanda era extremamente alta, os camponeses se viam obrigados a deixar de consumir a sua parte.

Ao episódio são atribuídos muitos nomes, dentre eles “Holodomor”, “Holocausto Ucraniano” ou “Grande Fome da Ucrânia”. Estipula-se que cinco milhões de pessoas foram vítimas dessa política mas, considerando os efeitos prolongados, o número pode chegar a mais de catorze milhões[1].

 

 

É um tema de extrema importância, uma política verdadeiramente genocida que não recebe a atenção devida. Infelizmente, o longa falhe em todos os quesitos ao qual se propõe, de modo que uma comovente história se transforma em uma péssima experiência cinematográfica.

Os aspectos técnicos da película são terríveis. A coreografia das cenas de ação são confusas. Quando efetivamente ocorre um confronto físico é difícil (para não dizer impossível) distinguir o que de fato está acontecendo. O uso de efeitos especiais pouco ocorre. Não se sabe se foi uma coincidência ou uma escolha, mas de qualquer modo, quando de fato são aplicados, é nítida a sua má qualidade.

Outro aspecto digno de menção é a impossibilidade de acompanhar a linha temporal do filme. Não se trata aqui de uma obra como Amnésia[2] ou Dunkirk[3], que propositalmente alteram entre linhas narrativas de modo a aprimorar a experiência. Tem-se aqui um conto linear que, devido à péssima direção, não se mostra claro quanto ao tempo que se passa entre as cenas, de modo que é fácil perder a atenção ou pior, não conseguir acompanhar a história.

 

 

Quanto a atuação, seria relapso não mencionar que há lampejos de qualidade, ainda que raros. Nesse sentido a química de Max Irons e Samantha Banks é boa, porém subutilizada, uma vez que a própria narrativa depende da distância entre o casal.

Superado esse fator, a interpretação de maneira geral é sofrível. Em especial, a interpretação de Tamer Hassan e Gary Oliver se mostra extremamente caricata, de modo que sequer parecem personagens, diminuindo a seriedade da cena sempre que um dos dois está presente. Quanto ao primeiro, fica nítido que buscou inspiração no trabalho de Ralph Fiennes no excelente A Lista de Schindler. Entretanto, o apresentado está muito aquém do pretendido.

Desse modo, Colheita Amarga é uma película que, infelizmente, não faz jus à história que busca contar. Com péssimas atuações, aspectos técnicos sofríveis e uma direção fraca e pouco objetiva, não há fator redentor que justifique uma recomendação ao filme. Resta apenas a sugestão que as pessoas busquem conhecer essa trágica história por conta própria

 

[1] https://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/holodomor.htm

[2] https://cinematologia.com.br/cine/amnesia-memento/

[3] https://cinematologia.com.br/cine/critica-dunkirk/