Crítica | Annabelle (Annabelle) [2014]

Nota do Filme:

Annabelle segue a história de John (Ward Horton) e Mia (Annabelle Wallis), jovem casal ansioso pela chegada de sua primeira filha. Católicos, têm o hábito de ir à Igreja acompanhados de seus vizinhos Pete (Brian Howe) e Sharon (Kerry O’Malley), cuja filha está desaparecida há algum tempo.

Em uma noite que parecia tranquila, sua casa é invadida por membros de um culto satânico que atentam contra as suas vidas. Tendo sobrevivido, acontecimentos estranhos os fazem crer que algo sinistro tenha se apoderado de uma de suas bonecas de porcelana.

Annabelle é o primeiro spin-off de Invocação do Mal e se baseia na infame boneca de porcelana, contando a história de como ela veio a ser amaldiçoada. Assim, acompanhamos a sua chegada à casa de John e Mia, bem como a sua futura transferência às enfermeiras da cena de abertura de ambos os filmes.

Ao contrário de seu antecessor, aqui há pouco a ser dito em benefício da obra. Não há, em momento algum, a criação de uma atmosfera de terror minimamente satisfatória. Isto porque, por mais que passemos a maior parte do filme acompanhando o dia a dia de Mia, pouco sabemos sobre quem de fato é, salvo alguns pequenos hobbies. Ao contrário, a sua personalidade é inexistente e suas ações sempre refletem o seu estado de “mãe”. John sofre ainda mais com essa falta de desenvolvimento e, não fossem as constantes menções a hospitais, seria fácil até mesmo esquecer onde está a todo momento.

É imprescindível aos filmes de terror um bom desenvolvimento de seus personagens, do contrário, não importa quantas cenas perigosas/aterrorizantes contenha, a audiência simplesmente não irá se importar. O que ocorre aqui é apenas a apresentação de um casal por quem devemos torcer sem, porém, ser fornecido um motivo para tal, de modo que toda a experiência cinematográfica é desinteressante.

De qualquer forma, raramente ocorre algo em Annabelle. Até mesmo a quantidade de jump scares, técnica conhecida por tentar suplementar essa ausência de atmosfera de terror, é limitada. A construção da tensão parece se resumir a close-ups da boneca. Falta, à película, não apenas um roteiro melhor, mas também a excelente técnica de James Wan[1] para a criação de cenários inquietantes ao invés da constante sensação de tédio que a obra, com frequência, transmite.

Os piores clichês do gênero são utilizados para tentar levar o roteiro a frente. O resultado não poderia ser diferente: personagens que agem de maneira incrivelmente artificial e pouco crível. A situação é tão gritante que o espectador, por vezes, dará risadas de certos diálogos e/ou decisões tomadas.

Ao mesmo tempo, a atuação não é excepcional. Não há nada de errado, mas é um fator que não chega a se destacar positivamente. Alfre Woodard tenta, como Evelyn, entregar uma performance mais intimista, porém é prejudicada pelo fraco roteiro. Sua personagem, que deveria ser um ponto interessante da trama, jamais alcança o seu objetivo.

Desse modo, por mais que Annabelle seja um derivado de Invocação do Mal, não compartilha nenhuma de suas qualidades. Um roteiro extremamente preguiçoso acompanhado de uma direção pouco inspirada resultou em um filme esquecível e entediante. A sensação de que o filme só foi lançado para tentar faturar em cima do sucesso de seu precursor é inevitável. É, certamente, um tropeço da franquia.

[1] O longa foi dirigido por John R. Leonetti, diretor de fotografia de Invocação do Mal.