Crítica | Invocação do Mal (The Conjuring) [2013]

Nota do filme:

Invocação do Mal acompanha a vida de Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga), investigadores paranormais. Após ministrarem uma palestra, são abordados por Carolyn Perron (Lili Taylor) que, recentemente, se mudou para uma casa em Rhode Island acompanhada do marido Roger (Ron Livingston) e as filhas Andrea (Shanley Caswell), Nancy (Hayley McFarland), Christine (Joey King), Cindy (Mackenzie Foy) e April (Kyla Deaver).

Após diversos acontecimentos estranhos, incluindo hematomas inexplicáveis, Carolyn acredita que a sua nova residência é assombrada por uma presença sombria. Assim, pede ajuda ao casal para que consigam viver em paz novamente.

O conto de uma família que se muda para uma casa afastada da cidade e se depara com uma entidade sobrenatural é algo conhecido do público geral. Felizmente, o que Invocação do Mal não tem em originalidade tem em qualidade. Dessa forma, é particularmente impressionante o quanto o longa parece novo, mesmo quando se utilizando de conceitos já familiares.

James Wan, diretor do obra, é um fã do gênero e, aqui, sua paixão é quase palpável. O seu respeito pelos clássicos é refletido na construção dos personagens que habitam a história. Ele entende que filmes de terror só funcionam quando possui personagens bem desenvolvidos e carismáticos. Isto porque o espectador somente se sentirá compelido quando, efetivamente, recear pelas pessoas em tela. Do contrário, as (possíveis) mortes/tragédias não terão impacto algum e a experiência cinematográfica estará irrecuperavelmente afetada.

Nesse sentido, os Warren funcionam de maneira excepcional. A cena inicial é bastante competente em introduzi-los de modo a demonstrar à audiência não apenas as suas qualidades no campo da investigação paranormal como também o seu caráter solícito. Ainda, é feliz em sedimentar um mundo que funciona além do que se passa em tela o que, eventualmente, acarretaria no conto de Annabelle, primeiro spin-off da saga.

Tais fatores são complementados com uma excelente atmosfera de terror. Isto é, qualquer acontecimento recebe a devida atenção de modo a construir e antecipar a tensão. Desse modo, à medida que os personagens sentem o stress ou a aflição da situação o espectador entende e simpatiza com esse sentimento. Tem-se, então, um bom roteiro, extremamente competente naquilo que se propõe.

Ainda, a ambientação contribui de maneira ímpar para gerar uma sensação de inquietude. Justamente por se tratar de um local isolado, a audiência sabe desde o início que dificilmente haverá ajuda externa, aumentando a ansiedade que o filme transmite. Nesse sentido, o mistério acerca da entidade que assombra a família é bem explorado, com revelações feitas no momento certo, de modo que o desfecho é catártico e bastante satisfatório.

Importante lembrar que, a despeito da qualidade da direção e roteiro, seria impossível alcançar tais resultados positivos sem um elenco competente. Patrick Wilson e Vera Farmiga entregam tudo que podem em uma performance convincente. Também merece atenção Lili Taylor que, ao interpretar uma mulher que definha lentamente, consegue angariar a simpatia de qualquer um que assista à película. Por fim, sempre bom ressaltar atrizes/atores mirins expressivos, neste caso na figura das atrizes Joey King, Mackenzie Foy e Kyla Deaver.

Com exceção da falta de originalidade – que, repete-se, em nada afeta a qualidade da experiência – há pouco que se falar de modo negativo sobre o conto. Por vezes o diretor se utiliza do conhecido jump scare. Todavia, o faz com parcimônia e sempre com o objetivo de aumentar (ainda mais) a sensação de tensão do história.

Desse modo, tem-se que Invocação do Mal é um dos melhores filmes de terror recentes. Sua trama imersiva, personagens cativantes e bem interpretados representam um frescor do marasmo que o gênero havia se tornado. Ainda, a direção competente de James Wan permitiu que o longa crescesse além de si mesmo, gerando uma extensa franquia. Melhor para os amantes de terror.