Critíca | A Hora Mais Escura (Darkest Hour) [2017]

São raras as chances de no mesmo ano lançarem dois filmes abordando o mesmo assunto, acabando por se complementarem, mesmo que involuntariamente. Estou falando de Dunkirk e Darkest Hour, onde o primeiro nos leva ao campo de batalha e o segundo ilustra os bastidores desse conflito. Contudo, esta crítica não visa a analisar ambos os filmes, apenas o segundo. A crítica do primeiro você pode ler aqui.

Dirigido por Joe Wright, o filme narra a história da ascensão de Winston Churchill ao poder, durante a Segunda Guerra Mundial, até a concretização da Operação Dínamo, que resgatou grande parte dos soldados que estavam na cidade de Dunquerque. O diretor entrega uma direção segura, sem tentar ousar demais em algo que provavelmente ficaria falho, visto que o filme não consegue se sustentar por si só.

Gary Oldman como Winston Churchill

E, é inegável que o ponto alto do filme é a atuação de Gary Oldman como o imponente primeiro ministro britânico. O filme é construído e se desenvolve ao seu redor, não tendo condições de prosseguir sozinho sem seu personagem, o que acaba rendendo diálogos bem rasos entre o resto do elenco. O clamor por sua atuação é justificado, o que deve render o Oscar ao ator, pois suas vociferações, sua presença e sua caracterização estão sublimes. O único ponto negativo é por conta do roteiro, em algumas partes onde os diálogos de seu personagem, como por exemplo, com sua datilografa, soa piegas e um pouco clichê.

A fotografia é concisa com a atmosfera do filme, tonalidades sempre escuras durante quase os 125 minutos de projeção, fazendo com que o espectador sinta toda a esfera sombria desses dias para a Europa e, particularmente, para os ingleses. Porém, o que se destaca além da atuação de Gary Oldman é o figurino e a maquiagem. Ambos são incríveis, toda a caracterização de época até a transformação que fizeram com que o ator ficasse irreconhecível.

Kristin Scott Thomas e Gary Oldman

Contudo, apesar de ser um filme tecnicamente bom, é esquecível e não será lembrado futuramente. O longa poderia ser uma propaganda ufanista britânica, em que é mostrado todo o orgulho inglês de ter acordado a Europa em um período que todos haviam desistido, e consequentemente impedindo Hitler de alcançar seu objetivo, e como a figura de Churchill, que é muito utilizada no cinema e na televisão, é algo estrondoso, onde sua persona possui características marcantes por conta de toda mística pela figura do ex-primeiro ministro.

Logo, o Oscar de Gary Oldman vai chegar com um sentimento de mea-culpa por parte da Academia, a única lástima é que será por um filme ruim, funcionando apenas como Oscar bait, não fazendo diferença para o cinema como um todo. Afinal, quantos longas do mesmo estilo já não foram esquecidos?