Top 10 Episódios de Avatar – A Lenda de Aang

Poucas séries são tão revisitáveis quanto Avatar – A Lenda de Aang. Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko criaram algo que certamente continuará a ser lembrado nos anos que virão. Uma história com um rico universo que toca em questões problemáticas, sem jamais subestimar a sua audiência, e desenvolve seus personagens de maneira orgânica e natural.

Assim, após (mais) uma assistida, este redator separou uma lista com aqueles que considera os dez melhores episódios. Importante lembrar que, como qualquer top 10, a escolha é meramente subjetiva, uma vez que, por óbvio, cada indivíduo terá as suas próprias preferências. Certo é, porém, que não há um episódio de fato ruim de Avatar – com a possível exceção de A Grande Divisão –, de modo que todos aqueles que não estiverem nessa lista possuem as suas próprias qualidade.

Nº 10 – A Manipuladora de Fantoches (S03E08)

Hama: Dominação de Sangue. Controlar a água em outro corpo. Impor a sua vontade sobre a deles.

Este é, certamente, um dos episódios mais sombrios do seriado. Aqui, Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko pausam a trama principal para focar em Katara e suas habilidades. Ao mesmo tempo, respondem uma indagação antiga dos fãs: afinal, é possível dominar o sangue de alguém?

O que poderia ser simplesmente uma extensão da dominação de água é tratado, na realidade, com a seriedade devida. A representação do roubo do livre arbítrio de um indivíduo é tão perturbadora quanto deveria ser, o que se percebe pela expressão de dor daqueles que são vítimas desta técnica.

Trata-se do único episódio da série que adentra em uma área mais próxima ao gênero do terror. Até mesmo o alívio cômico aqui é extremamente limitado, mantendo uma atmosfera de suspense no ar. Por mais que a revelação sobre a responsável pelos sequestros não seja, por si só, surpreendente, ainda há muito o que se aproveitar.

Nº 9 – O Desertor (S01E16)

Jeong Jeong: O fogo traz apenas destruição e dor. Ele força quem o tem a caminhar no limite entre humanidade e brutalidade. No final, ficamos divididos.

O Desertor acompanha o grupo em uma incursão ao país inimigo. Lá, encontram Chey, que os incentiva a procurarem Jeong Jeong, mestre da dominação do fogo que, cansado da brutalidade de seu país, abandonou o exército e se tornou um fugitivo. Assim, Aang busca aprender mais sobre o elemento, o que acaba prejudicando os seus amigos.

Certamente não um dos episódios mais badalados da série, mas a sua execução e importância são indiscutíveis. É primeiro episódio a apresentar mais nuances à Nação do Fogo, de modo que, pela primeira vez, nos é apresentado um cidadão do país que se recusa a seguir com o ideal da guerra. Ao mesmo tempo, introduz temáticas que serão melhor trabalhadas no futuro acerca do conceito da dominação do fogo em si, sobretudo no episódio Os Mestres da Dominação do Fogo que, eventualmente, irá dialogar com a temática de equilíbrio da série.

Nº 8 – O Espírito Azul (S01E13)

Aang: Se nós (Zuko) nos conhecêssemos na época, acha que seríamos amigos também? 

O Espírito Azul acompanha Aang ao buscar uma cura para a doença de seus amigos, momento no qual acaba capturado pela Nação do Fogo. De lá, consegue escapar graças a ajuda de uma misteriosa figura mascarada que, mais tarde, descobre-se ser Zuko, personagem que, até então, buscava capturar o protagonista para recuperar a sua honra perante o seu pai.

Tem-se, aqui, um excelente exemplar no desenvolvimento e posterior redenção daquele que era, até então, visto como o grande vilão da temporada. Por mais que não seja o primeiro episódio a trazer mais nuances ao personagem, O Espírito Azul demonstra, por meio de uma elaborada fuga, a química natural entre ele e o protagonista. Assim, o conflito ganha maiores camadas, ao mesmo tempo em que serve de foreshadowing a eventos futuros.

Nº 7 – Os Mestres da Dominação de Fogo (S03E13)

Aang: Durante todo esse tempo, pensei que dominação de fogo fosse destruição. Desde que eu machuquei a Katara, estive com medo e hesitante. Mas agora eu sei o que realmente é. É energia, e vida.

Após mudar de lado, Zuko se vê sem sua dominação de fogo. Tantos anos de maus ensinamentos fizeram com que associasse sua habilidade à raiva, o que não é mais uma opção ao personagem, tornando esse o episódio que, de maneira mais intensa, aborda a filosofia dobra de fogo, assim, pavimentando o caminho de Aang para se tornar um Avatar completo.

Os Mestres da Dominação de Fogo é um episódio não apenas para desenvolvimento dos personagens, mas também para mudar a percepção da audiência acerca da habilidade em si. Após tanto tempo associando-a ao inimigo, fez-se necessário destacar um episódio para desconstruir a ideia, aproveitando-se da base deixado pelo episódio O Desertor, também mencionado nesta lista.

Felizmente, temos um episódio conciso e denso, que aborda diferentes aspectos e demonstra que, por mais que determinados arquétipos sejam justificados devido às circunstâncias, há sempre algo a mais na cultura de uma nação. Afinal, o ciclo Avatar inclui o fogo para manter o equilíbrio.

Nº 6 – As Encruzilhadas do Destino (S02E20)

Iroh: Proteção e poder são superestimados. Acho que você (Aang) foi muito sábio por escolher felicidade e amor.

Abandonando o seu treinamento para controlar o Estado Avatar, Aang parte a Ba Sing Se para resgatar Katara, capturada por Azula. Concomitantemente, o golpe de estado toma forma, e o Reino da Terra se encontra mais ameaçado do que nunca. 

Último episódio da segunda temporada, As Encruzilhadas do Destino funciona como um prelúdio àquele que seria o melhor ano do programa. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que consegue solucionar os seus núcleos principais, mantém em aberto pontos que, no futuro, seriam concretizados, dentre eles, a traição de Zuko frente a Iroh, demonstrando que a sua redenção não é um mero ponto de roteiro, mas sim parte intrínseca da história.

O fato de terminar com uma derrota para os heróis aumenta o perigo para a última temporada do programa. O próprio destino do Ciclo Avatar é deixado em aberto, nos cabendo apenas esperar.

Nº 5 – O Dia do Sol Negro (S03E10/11)

Zuko: Mas eu vim aqui para falar de uma decisão mais importante. Eu vou me juntar ao Avatar. E eu vou ajudá-lo a derrotar você.

O Dia do Sol Negro é, talvez, o conflito iminente mais mencionado, com exceção da disputa entre Aang e o Senhor do Fogo. Após Sokka descobrir que o eclipse deixará os dominadores de fogo temporariamente sem poderes, planeja uma invasão à Nação que não é suspensa inclusive após a queda do Reino da Terra.

Todavia, como não poderia deixar de ser diferente, com o conhecimento avançado que Azula possuía da invasão, o plano estava fadado ao fracasso, não passando de uma armadilha. Contudo, ao demonstrar o oficial rompimento de Zuko com a sua família, com a intenção de ajudar os heróis a dar fim à Guerra, o episódio termina em uma nota esperançosa.

Nº 4 – A Tempestade (S01E12)

Senhor do Fogo Ozai: Você (Zuko) irá aprender a respeitar. E o sofrimento será o seu professor.

A Tempestade é lembrado por muitos fãs como o momento no qual Avatar se tornou algo mais que uma simples série infantil. Isto é, até o momento, muitos mistérios acerca dos personagens e suas motivações permaneciam intocados, motivo pelo qual foi criado um episódio especificamente com esse fim.

Aqui, é dada profundidade não apenas ao protagonista como, também, ao seu principal antagonista à época. Aang nos é mostrado sob uma luz não tão favorável, uma vez que fugiu de suas responsabilidades tantos anos atrás – fator esse que, inclusive, dá início ao flashback. Ao mesmo tempo, porém, simpatizamos com a sua situação, uma vez que se trata de um peso imensurável à uma criança.

Zuko, ao contrário, é visto em uma luz mais favorável no passado. Seu banimento decorreu, justamente, de uma ação honrosa, ao tentar impedir o sacrifício de soldados em um plano militar de sua Nação. Vemos, então, que a sua postura atual se trata meramente de uma máscara que usa em um esforço mal orientado para tentar recuperar o respeito de seu pai. Ainda, ao colocar a vida de sua tripulação acima de seu próprio desejo de capturar o Avatar, demonstra que há possibilidade de redenção para seu personagem.

O episódio traz, também, a primeira ação de fato executada pelo Senhor do Fogo, ainda que em flashback. Nesse sentido, o marca como “vilão final” justamente por realizar um ato tão deplorável quanto um ataque ao próprio filho. Ademais, temos a primeira aparição oficial de Azula, sorrindo ao ver o seu irmão sendo punido.

Nº 3 – O Avatar e o Senhor do Fogo (S03E06)

Iroh: O bem e o mal sempre estiveram em guerra dentro de você, Zuko. É sua natureza, seu legado. Mas há um lado positivo. O que aconteceu há gerações pode ser resolvido agora, por você.

De maneira semelhante ao episódio A Tempestade, O Avatar e o Senhor do Fogo foca majoritariamente em eventos passados, de modo a dar contexto ao presente. Assim, a mesma história é contada tanto a Aang quanto ao Zuko, por personagens diferentes, uma vez que ambos têm um papel a desempenhar na restauração do equilíbrio.

Reforça-se, assim, o caráter cíclico dos conflitos, uma vez que a Guerra fora iniciada pelo Avatar e Senhor do Fogo da época. Ao mesmo tempo, demonstra que se faz necessário conhecimentos do passado para resolver os problemas do presente. Ainda, a linhagem de Zuko finalmente demonstra que deverá desempenhar um papel ativo na restauração do equilíbrio do mundo.

Nº 2 – Zuko Sozinho (S02E07)

Zuko: Meu nome é Zuko, filho de Ursa e do Senhor do Fogo Ozai. Príncipe da Nação do Fogo e herdeiro do trono.

Zuko Sozinho acompanha o até então antagonista principal, Zuko, em uma jornada de autodescoberta. Separado de seu tio Iroh, busca descobrir o próprio caminho, o que, eventualmente, o leva a um pequeno vilarejo do Reino da Terra, onde faz amizade com uma humilde família, em especial seu filho Lee.

O desenvolvimento do personagem sempre foi um ponto de bastante destaque no seriado. Tido por muitos fãs como o melhor personagem do seriado justamente pelo arco pelo qual passa, sobretudo em sua terceira temporada. É no Livro Terra, contudo, que temos um episódio estritamente focado no agora anti-herói, momento no qual busca descobrir a sua posição na Guerra que se encontra.

Fato é que o contato com a pequena família faz com que se recorde de sua própria infância, em especial a sua relação com a sua irmã Azula e sua mãe, Ursa. Ao final, um lembrete brutal de que jamais conseguirá escapar totalmente dos pecados de seus descendentes, ainda que aja com as melhores das intenções, reforçando que o caminho para o personagem não é o abandono do passado, mas a sua redenção.

Nº 1 – O Cometa de Sozin (S03E18/21)

Aang: Não acredito que há um ano eu ainda estava num bloco de gelo, o mundo é tão diferente agora.

O Cometa de Sozin é o episódio final da série, dividido em quatro partes, respectivamente O Rei Fênix, Os Antigos Mestres, Entrando no Inferno e Avatar Aang. Alguns podem considerar “trapaça” colocar este como apenas um episódio – e talvez seja – mas a soma de suas partes funciona tão bem juntos que faz jus à menção conjunta.

Por mais que haja um deus ex machina na introdução da Tartaruga Leão, que seria facilmente resolvido com uma menção apropriada no episódio A Biblioteca, a força de vontade de Aang em não executar seu maior adversário é perfeitamente condizente com a temática da série no que diz respeito à violência.

Não apenas isso, mas todas as imposições acerca de quem, efetivamente, deveria derrotar o Senhor do Fogo não são meramente roteirísticas, mas perfeitamente condizentes com o estado daquele universo. Dessa maneira, como bem dito por Iroh, o único jeito da Guerra terminar de maneira minimamente positiva seria após uma vitória do Avatar, não outro membro da família real da Nação do Fogo. O simbolismo é importante após um conflito tão duradouro.

Concomitantemente, todos os personagens secundários recebem tarefas relevantes a executar no episódio. A engenhosidade de Sokka se mostra presente mais uma vez, bem como o tão aguardado duelo entre Azula e Zuko, talvez o mais belo conflito, esteticamente falando, da saga inteira.

Por fim, por mais que deixe pontas soltas – o que ocorreu com Ursa, por exemplo –, não eram fatores necessários à história contada à época, sendo questões sanadas em HQs posteriormente lançadas.