Desde antes da estreia de Vingadores – Guerra Infinita, a Marvel já deixou claro que Thanos seria o protagonista do longa, em face de outras dezenas de personagens que foram importantes e mais relevantes nesses 10 anos de filmografia super-heroica. A grande questão nesse caso era: como ele mostraria sua imponência em apenas 141 minutos, em face de outros personagens que foram desenvolvidos durante anos? Essa era a grande problemática para esse longa, que é resolvida de forma exitosa por conta da presença marcante do “vilão”.
Afinal, o que difere Thanos de qualquer outro ser superpoderoso com visões de mundo diferentes do status quo atual? Primeiramente, ele é adepto da teoria malthusiana, que foi desenvolvida por Thomas Malthus devido a um crescimento populacional exponencial em um período de cinco anos (1785 – 1790), sendo a principal problemática disso a escassez futura de alimentos. Basicamente, Malthus afirmava que a população crescia em progressão geométrica enquanto os alimentos cresciam em progressão aritmética. As soluções dadas por Malthus foram três: o celibato, o casamento tardio e o controle de natalidade. Com isso, o que Thanos pretende é acabar com a existência de metade do universo para que não ocorra o que aconteceu em seu planeta natal. Convém ressaltar também que a superpopulação é um problema que não possui um caráter de urgência tão grande para serem debatidos a todo momento, e chega a ser até um pouco nobre esse tópico ser a força motora do protagonista.
Além disso, Thanos é um ser misericordioso. Ele não pensa simplesmente em exterminar metade do numero de seres vivos do universo, e sim sua existência, o fato de estar vivo, a individualidade do ser, sem adentrar muito no aspecto filosófico, Thanos demonstra clemencia por optar evitar um banho de sangue cósmico, algo que ele poderia alcançar facilmente por conta de seu poder imensurável.
E, o longa acerta em um ponto que muitos outros filmes tentam e não conseguem: a humanização do personagem. O espectador sente empatia por Thanos, consegue compreender os ideais do personagem, suas verdades absolutas, seus sentimentos para com Gamora, seus desejos e anseios. É válido não concordar com a visão dele, porém o que não pode ser dito é de que ela é vazia e incompreensível. Com isso, temos um personagem complexo e com várias camadas, méritos a Josh Brolin por isso, o interprete do ser espacial, não tendo pressa de ser construído ou mostrar a que veio, afinal ele não precisa ficar provando sua força a todo momento pois é visível a intensidade dela quando seu personagem surge em tela.
Logo, Thanos é comparável a um mito, um ser que culmina o ápice da Marvel perfeitamente, complexo na medida certa sem soar repetitivo. Entretanto, apesar dele tratar-se de um ser extraterrestre, a humanidade que ele apresenta é muitas vezes maior que a dos próprios seres humanos, sendo relevante ou não para a mensagem final pois é apenas um fato, o juízo de valor fica para cada um.
Apaixonado por cinema, amante das ciências humanas, apreciador de bebidas baratas, mergulhador de fossa existencial e dependente da melancolia humana.