Exibido no Festival do Rio ano passado, o longa brasileiro A Sombra do Pai tem data marcada para estrear no Brasil. A Pandora Filmes confirmou o lançamento nos cinemas para o dia 2 de maio.
Protagonizado por Julio Machado (Joaquim) e Nina Medeiros (As Boas Maneiras), o longa conta a história de Dalva, uma menina de nove anos às voltas com o silêncio do pai, o pedreiro Jorge (Machado), que fica mais triste após perder o melhor amigo em um acidente. A irmã de Jorge, Cristina (Luciana Paes), administrava a vida de pai e filha desde a morte da mãe da menina, há três anos. Quando Cristina deixa a casa do irmão para se casar, Jorge e Dalva precisam enfrentar a distância que os separa.
Fã de filmes de terror, Dalva acredita ter poderes sobrenaturais e ser capaz de trazer a mãe de volta à vida. À medida que Jorge se torna cada vez mais ausente – e eventualmente perigoso –, resta a Dalva a esperança de que sim, sua mãe há de voltar.
A diretora comenta a representatividade do personagem de Machado: “O personagem Jorge é o lixo tóxico de um sociedade hiper-capitalista e cruel. Ele é vítima e algoz de quem lhe é imediatamente mais fraco – no caso, a filha. É também o subproduto de nossa sociedade patriarcal. O arquétipo do homem forte, viril, apolíneo – mas que, por dentro, está desmoronando pelo simples fato de não saber amar, cuidar, chorar, pedir ajuda, ou seja, por não saber fazer absolutamente nada que o coloque numa suposta condição de ‘fragilidade’. O monte de músculos e força que ele aparenta ser contrasta com a pilha de medos, angústias e incertezas que ele realmente é”.
A SOMBRA DO PAI aborda as consequências da inversão de papéis entre um pai e uma filha, que enfrentam uma situação de exceção, por meio de uma narração realista, com toques de horror e fantasia, marcas registradas da diretora consagrada pelo Slasher Animal Cordial. A fantasia permeia todos os trabalhos de Gabriela, que a utiliza como “materialização dos dramas internos dos personagens”. Para ela, este é “um signo do que os personagens sentem e, na maior parte das vezes, não conseguem expressar – eles sequer são conscientes desses dramas. O monstro surge porque nos recusamos a enfrentá-lo quando ele ainda é uma larva. Ele cresce e se torna maior que nossa própria consciência. É este o mecanismo que me interessa na construção do fantástico, do horror, do terror e derivados”.
A SOMBRA DO PAI é uma produção da Acere, em coprodução com a RT Features e tem distribuição no Brasil da Pandora Filmes.
Carioca da gema e Jornalista. Completamente apaixonado pela filmografia de David Lynch e Paul Thomas Anderson. Nas horas vagas, costumo assistir filmes da Criterion Collection ou da A24, além da vasculhar discografias de Indie Rock e Alternativo.