Crítica | Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo and the Two Strings) [2016]

Imagem: Universal Pictures / Divulgação

Ver um filme que usa a empatia, a gentileza e a música como ferramentas é algo que traz certo alívio, mesmo com uns momentos previsíveis aqui ou ali, “Kubo e as Cordas Mágicas” consegue aliar aspectos da cultura asiática com a empatia tão necessária nos tempos de hoje.

Dirigido por Travis Knight, a obra de animação tem como protagonista Kubo, um garoto que vive em uma caverna com sua mãe. Após seu pai morrer para salvar mulher e filho e o avô de Kubo ter arrancado um olho do garoto, o menino precisa acabar com o avô e as tias, que devido a uma briga com a mãe dele, os caçam de maneira intermitente. Como armas, ele usará o seu violão com cordas mágicas que ao tocadas fazem folhas e papeis ganharem formas e vida.

Para unir aspectos da cultura asiática, a maioria deles ligado com o Japão feudal e os samurais, a obra utiliza de uma animação detalhista e uma luz clara, servindo para destacar as várias nuances das paisagens por onde Kubo passa e para deixar claro qual é o objetivo do menino, a música tocada por ele em seu violão é outra ferramenta utilizada.

Já que é a música que define quais serão as atitudes tomadas por ele, o tom da canção expõe o estado de espirito do garoto no momento da ação, por exemplo, na primeira vez em que o vemos tocando, Kubo escolhe uma melodia feliz, pois tem o objetivo de conquistar as pessoas que o assistem, mas, durante a próxima hora de filme, que é onde a ação de fato acontece, as melodias são mais tristes, sempre gentis, porém melancólicas.

Mas esse sentimento de melancolia não fica claro graças a previsibilidade de um roteiro que não ousa, como exemplo cito os dois personagens que acompanham Kubo em sua jornada, a Macaca e o Besouro, está aparente quem eles são, pela escolha da cor do rosto dos dois (a mesma cor do papel usado por Kubo no início da obra) e pelo cuidado exacerbado com o jovem, sem nenhum motivo claro para tal.

Fora isso, falta agilidade no roteiro em certos momentos, como por exemplo toda a questão do olho e do porque do avô ter roubado um deles e desejar o outro, fora que o ponto das tias nunca fica bem explicado, mesmo que elas tenham exposto seus motivos para tudo aquilo, é algo que poderia ter sido melhor aprofundado.

Mesmo com esses erros, é notável a carga de gentileza e empatia que o protagonista traz, e para os fãs de Beatles, acredito que a associação da gentileza de Kubo com a música “While my Guitar Gentle Weeps” é bem clara e felizmente foi bem utilizada pelo diretor.

Assim, “Kubo e as Cordas Mágicas” conquista graças ao seu protagonista e ao amor que ele tem pela vida e pelas pessoas, sejam elas conhecidas ou desconhecidas, para o menino isso não importa.