Guia introdutório ao Expressionismo

Bem-vindos a mais um de nossos guias introdutórios, em que apresentamos um período ou uma tendência cinematográfica para você se iniciar. Na primeira edição, falamos um pouco sobre o Cinema Noir e seus expoentes. Nessa segunda parte, iremos abordar um estilo artístico que marcou o século XX em diferentes vertentes artísticas e encontrou no Cinema uma importante via de expressão, ainda exercendo considerável influência, sobretudo nos filmes de terror: o Expressionismo.

Contexto

No início do século XX, diferentes vanguardas artísticas, como o Cubismo e o Futurismo, mexeram com o mundo da Arte, retratando mudanças vivenciadas com a expansão tecnológica e os conflitos políticos da época. As tensões que levariam à Primeira Guerra Mundial e encerrariam uma época considerada próspera repercutiram nas produções de diversos artistas e nas formas como estes retratavam o mundo ao seu redor.

A Alemanha dos anos 1920 é considerada o berço do Expressionismo, um movimento que se manifestou, além do Cinema, na pintura, na arquitetura e na literatura. É preciso considerar que a situação do país após a guerra, em que miséria e inflação não paravam de subir, exerceu grande influência nas obras do período.  

Principais características

Os cineastas expressionistas criavam imagens que buscavam, através de distorções, jogos de luz e tomadas angulares, causar forte impacto nos espectadores e apresentar uma realidade desconfortável. A característica mais identificável nestes filmes, portanto, é a utilização de recursos visuais para provocar uma sensação desagradável, um mal-estar que ilustra estados mentais e psicológicos desequilibrados. O emprego da técnica do chiaroscuro, isto é, o contraste entre luz e sombra, é uma das marcas mais comuns nas produções do tipo. O afastamento da realidade, através da criação de cenas que remetiam a pesadelos e alucinações, também pode ser observado com frequência. 

Obras fundamentais

O Gabinete do Dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari)

Ano: 1920
Dir: Robert Wiene

Ambientado em um clima de constante pesadelo, se passa em uma pequena cidade, na qual o hipnotizador do título (Werner Krauss) utiliza de suas técnicas para controlar o sonâmbulo Cesare (Conrad Veidt) de acordo com seus interesses.  

Nosferatu (Nosferatu, eine Symphonie des Grauens)

Ano: 1922
Dir: F.W. Murnau

Primeira adaptação de Drácula no Cinema – que, por uma questão de direitos sobre a obra de Bram Stoker, não pôde manter os nomes originais – conta a história do Conde Orlok (Max Schreck) e os terrores que causa na região de Bremen, na Alemanha.

Segredos de uma Alma (Geheimnisse einer Seel)

Ano: 1926
Dir: G.W. Pabst

Um cientista (Werner Krauss) passa a sofrer uma fobia envolvendo facas e precisa lidar com uma compulsão crescente em matar a própria mulher. Foi influenciado pela nascente psicanálise e os estudos sobre sobre o subconsciente humano.

Metrópolis (Metropolis)

Ano: 1927
Dir: Fritz Lang

Obra monumental que influenciaria o Cinema distópico nas décadas seguintes, é narrada em uma cidade futurista dividida em duas classes antagônicas. Conflitos começam a ocorrer quando dois membros de lados opostos (Gustav Frölich e Brigitte Helm) passam a ser relacionar.

O Anjo Azul (Der blaue Engel)

Ano: 1930
Dir: Josef von Sternberg 

Um professor universitário (Emil Jannings) tem sua vida virada de cabeça para baixo quando entra em um bar clandestino e se apaixona por uma cantora do local (Marlene Dietrich).

M, o Vampiro de Dusseldorf (M, Eine Stadt sucht eine Mörder)

Ano: 1931
Dir: Fritz Lang

Em Dusseldorf, um assassino de crianças (Peter Lorre) não consegue ser capturado pela polícia local, o que leva a população a caçá-lo por conta própria.  

Obras influenciadas pelo Expressionismo

Drácula (Dracula)

Ano: 1931
Dir: Tod Browning; Karl Freund

Psicose (Psycho)

Ano: 1960
Dir: Alfred Hitchcock

Batman

Ano: 1989
Dir: Tim Burton

Neblina e Sombras (Shadows and Fog)

Ano: 1991
Dir: Woody Allen

Cidade das Sombras (Dark City)

Ano: 1998
Dir: Alex Proyas