Crítica | Your Name (Kimi No Na Wa) [2016]

Nota do Filme :

Your Name acompanha as vidas de Mitsuha Miyamizu (Mone Kamishiraishi) e Taki Tachibana (Ryûnosuke Kamiki). Ela, uma jovem que mora no interior do Japão e que deseja deixar sua pequena cidade para trás para tentar a sorte na cidade grande e ele, um jovem que trabalha em um restaurante italiano em Tóquio e deseja largar o seu emprego para tentar se tornar um arquiteto. Os dois não se conhecem, mas estão misteriosamente conectados pelas imagens de seus sonhos.

Dirigido por Makoto Shinkai, o filme, lançado em 2016, arrecadou US$ 358 milhões e superou A Viagem de Chihiro, consagrando-se como a animação japonesa com maior bilheteria na história. Inevitavelmente, recebeu bastante atenção dos veículos de mídias internacionais e, em 2017, os direitos do longa foram adquiridos[1] para a produção de um live-action americano.

Trata-se de um conto simples, mas tão visualmente belo e, ao mesmo tempo, executado de maneira ímpar, que se torna memorável. Nesse sentido, o diretor consegue balancear com precisão a fidelidade da reprodução de localidades japonesa reais com o surrealismo trazido pela passagem do cometa, de modo que temos, na obra, um excelente contraste visual.

 

 

O filme não conta com grandes  defeitos, de modo que há, realmente, pouco a ser dito em seu desfavor. Com a exceção de algumas pequenas inconsistências, a narrativa permanece firme em sua premissa, justamente por ser centrada em algo tão conhecido do público em geral, de modo que o inevitável romance entre Taki e Mitsuha floresce de forma incrivelmente natural.

Faz-se necessário ressaltar esse compromisso do longa pois, não raramente, vemos histórias nas quais a ideia central se torna secundária perante o elemento externo trazido como diferencial. Isto é, em Your Name, há um claro um elemento extraordinário, uma vez que os protagonistas trocam de corpos com certa frequência. Contudo, esse artifício jamais se sobrepõe à ideia original do roteiro. Ao contrário, o fenômeno decorre justamente da narrativa, uma vez que a sua ocorrência não apenas intensifica o sentimento que os personagens sentem entre si como, ao mesmo tempo, o justifica, uma vez que, ao viverem as rotinas um do outro, aproximam-se de maneira muito mais intensa do que seria possível caso se conhecessem de maneira tradicional.

Ainda, a circunstância torna a imersão do espectador algo natural. Isto porque nota não apenas como os protagonistas agem, mas, também, como reagem às situações nas quais foram inseridos pelo seu respectivo parceiro. Situações outrora rotineiras são mais significativas, de modo que ocorre um maior desenvolvimento dos personagens.

 

 

O longa consegue, ainda, absorver diversos aspectos da cultura japonesa, com foco no conceito do akai ito (o fio vermelho do destino), uma lenda de origem chinesa que veio a ser incorporada à cultura do país. Nela, afirma-se que duas almas gêmeas estariam ligadas por um fio vermelho desde o momento do nascimento. Assim, essas pessoas estariam destinadas a ficarem juntas, de modo, que não importa o caminho que tomem, eventualmente irão se encontrar.

Nesse sentido, a obra é competente, também, em mesclar a misticidade da religião Shinto[2] à uma trama tão realista quanto o romance de dois adolescentes. A dualidade entre a rotina padrão de um rapaz de Tóquio e a de uma moça de um pequeno vilarejo no interior do Japão que atua ativamente em um templo tradicional favorece a narrativa e permite que ela se expanda além de seus protagonistas.

 

 

Tem-se, assim, que o filme aborda temas conhecidos do espectador médio. Um conto acerca de um amor genuíno e a constante busca por completude é bastante atrativo ao público médio, o que certamente ajuda a explicar o seu enorme sucesso. O diretor aproveita, ainda, para acrescentar elementos diferenciais, de modo a destacar a história em meio ao gênero. Esse conjunto de fatores transforma Your Name em uma experiência imperdível aos fãs de cinema.

[1] Os direitos foram adquiridos pela Paramount Pictures e a Bad Robot (produtora de J.J. Abrams)

[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Xinto%C3%ADsmo