Crítica | X-Men: Fênix Negra (X-Men: Dark Phoenix) [2019]

Nota do Filme:

X-Men: Fênix Negra conta a história de um simples drama familiar que não teria proporções épicas se a família em questão não se tratasse dos X-Men. A trama gira em torno de Jean Grey/Fênix Negra (Sophie Turner) que, após uma missão de resgate no espaço, é acometida por uma explosão cósmica e se torna mais forte ao absorver sua energia. O longa inicia com a mutante (Summer Fontana – Jean criança) aos 8 anos em um carro com os pais, quando ela (aparentemente sem querer) provoca um acidente, deixando ambos feridos. Ao saber que esse desastre lhes causou a morte, concorda em ir com Charles Xavier/Professor X (James McAvoy) à Escola para Mutantes.

Não se discute que a série de filmes dos X-Men não segue uma cronologia coerente, não havendo como traçar uma linha temporal lógica, motivo pelo qual, em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, de Bryan Singer, deu um reset, a fim de possibilitar futuras continuações, sem conformidade com os acontecimentos anteriores. Contudo, a origem da personagem Jean Grey (em X-Men 3: O Confronto Final) não teria razão para ser modificada. Foi uma alteração aleatória apenas para servir como o mote do roteiro. Assim, quem lembra como Grey (Haley Ramm) foi encontrada pelo professor Xavier (Patrick Stewart) e Erik Lehnsherr/Magneto (Ian McKellen) e escalada para fazer parte da Escola de Mutantes, pode esquecer. Esta obra serviu para agregar mais confusão e incongruência na linha temporal mais incoerente do cinema.

Mercúrio (Evan Peters) foi esquecido durante o longa. Sem as cenas divertidas e empolgantes dos anteriores, neste ele é deixado de lado, tendo apenas uma participação “rápida” e esquecível. Alexandra Shipp (Ororo Munroe/Tempestade) e Tye Sheridan (Scott Summers/Ciclope) só ganham algum destaque nas cenas de combate, no mais, desapontam. O trio James McAvoy (professor Xavier), Jennifer Lawrence (Raven/Mística) e Michael Fassbender (Erik/Magneto) fazem o dever de casa, mas são os diálogos entre Charles, Raven e Hank McCoy/Fera (Nicholas Hoult) os responsáveis pelos melhores momentos. O diretor, Simon Kinberg, seguiu pelo caminho fácil e atual, derrubando uma chuva durante um enterro, para criar um clima melancólico e apostando no “empoderamento feminino”, conferindo o protagonismo às mulheres e questionando o nome X-Men.

Com os holofotes voltados para Jean e uma perda significativa em meados da trama, o roteiro se descaracteriza um pouco quanto à natureza da equipe, símbolo constante dos mutantes, tornando-se, sem dúvida, o filme menos emblemático da série. Matar personagens importantes, longe de ser um ato de coragem, algumas vezes, é mero “espetaculismo” ou necessidade de finalizar um arco já resolvido. Neste caso, parece ter sido a primeira opção: simples apelação para dar a falsa impressão de grandiloquência.

A seriedade e o compromisso de Jessica Chastain não foram suficientes para fazer dela uma vilã ameaçadora, sequer agiu de modo que despertasse qualquer temor. O longa pretendia apresentar duas vilãs, entretanto não acertou com nenhuma. Sophie Turner (com uma maquiagem perfeita e intacta por todo o tempo) atua bem, mas sua personagem, confusa e perdida, mais parece uma adolescente inconsequente querendo chamar atenção, com as devidas proporções, uma vez que se trata de uma mulher extremamente poderosa e sem controle das emoções. Destaca-se uma cena lamentável, na qual ela chora arrependida, limpando repetidamente o sangue na roupa, sangue esse que mal aparece em um momento em que é importante mencioná-lo (quando se descobre a real “necessidade” da cena pastelão).

Os vilões extraterrestres são literalmente jogados na história, sem muita explicação ou uma motivação criativa e, ainda, com direito a contar os planos do mal (bem ao estilo “Macaco Louco” do desenho animado “As Meninas Superpoderosas”). Pontas soltas, enredo mal desenvolvido e apressado, personagens que mudam de opinião em poucos minutos, falas repletas de lugar comum, como um último filme da série tão amada do cinema, decepciona.

X-Men: Fênix Negra estreia em 06 de junho nos cinemas (não há cenas pós-créditos).