Nota do Filme:
X-Men: Fênix Negra conta a história de um simples drama familiar que não teria proporções épicas se a família em questão não se tratasse dos X-Men. A trama gira em torno de Jean Grey/Fênix Negra (Sophie Turner) que, após uma missão de resgate no espaço, é acometida por uma explosão cósmica e se torna mais forte ao absorver sua energia. O longa inicia com a mutante (Summer Fontana – Jean criança) aos 8 anos em um carro com os pais, quando ela (aparentemente sem querer) provoca um acidente, deixando ambos feridos. Ao saber que esse desastre lhes causou a morte, concorda em ir com Charles Xavier/Professor X (James McAvoy) à Escola para Mutantes.
Não se discute que a série de filmes dos X-Men não segue uma cronologia coerente, não havendo como traçar uma linha temporal lógica, motivo pelo qual, em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, de Bryan Singer, deu um reset, a fim de possibilitar futuras continuações, sem conformidade com os acontecimentos anteriores. Contudo, a origem da personagem Jean Grey (em X-Men 3: O Confronto Final) não teria razão para ser modificada. Foi uma alteração aleatória apenas para servir como o mote do roteiro. Assim, quem lembra como Grey (Haley Ramm) foi encontrada pelo professor Xavier (Patrick Stewart) e Erik Lehnsherr/Magneto (Ian McKellen) e escalada para fazer parte da Escola de Mutantes, pode esquecer. Esta obra serviu para agregar mais confusão e incongruência na linha temporal mais incoerente do cinema.
Mercúrio (Evan Peters) foi esquecido durante o longa. Sem as cenas divertidas e empolgantes dos anteriores, neste ele é deixado de lado, tendo apenas uma participação “rápida” e esquecível. Alexandra Shipp (Ororo Munroe/Tempestade) e Tye Sheridan (Scott Summers/Ciclope) só ganham algum destaque nas cenas de combate, no mais, desapontam. O trio James McAvoy (professor Xavier), Jennifer Lawrence (Raven/Mística) e Michael Fassbender (Erik/Magneto) fazem o dever de casa, mas são os diálogos entre Charles, Raven e Hank McCoy/Fera (Nicholas Hoult) os responsáveis pelos melhores momentos. O diretor, Simon Kinberg, seguiu pelo caminho fácil e atual, derrubando uma chuva durante um enterro, para criar um clima melancólico e apostando no “empoderamento feminino”, conferindo o protagonismo às mulheres e questionando o nome X-Men.
Com os holofotes voltados para Jean e uma perda significativa em meados da trama, o roteiro se descaracteriza um pouco quanto à natureza da equipe, símbolo constante dos mutantes, tornando-se, sem dúvida, o filme menos emblemático da série. Matar personagens importantes, longe de ser um ato de coragem, algumas vezes, é mero “espetaculismo” ou necessidade de finalizar um arco já resolvido. Neste caso, parece ter sido a primeira opção: simples apelação para dar a falsa impressão de grandiloquência.
A seriedade e o compromisso de Jessica Chastain não foram suficientes para fazer dela uma vilã ameaçadora, sequer agiu de modo que despertasse qualquer temor. O longa pretendia apresentar duas vilãs, entretanto não acertou com nenhuma. Sophie Turner (com uma maquiagem perfeita e intacta por todo o tempo) atua bem, mas sua personagem, confusa e perdida, mais parece uma adolescente inconsequente querendo chamar atenção, com as devidas proporções, uma vez que se trata de uma mulher extremamente poderosa e sem controle das emoções. Destaca-se uma cena lamentável, na qual ela chora arrependida, limpando repetidamente o sangue na roupa, sangue esse que mal aparece em um momento em que é importante mencioná-lo (quando se descobre a real “necessidade” da cena pastelão).
Os vilões extraterrestres são literalmente jogados na história, sem muita explicação ou uma motivação criativa e, ainda, com direito a contar os planos do mal (bem ao estilo “Macaco Louco” do desenho animado “As Meninas Superpoderosas”). Pontas soltas, enredo mal desenvolvido e apressado, personagens que mudam de opinião em poucos minutos, falas repletas de lugar comum, como um último filme da série tão amada do cinema, decepciona.
X-Men: Fênix Negra estreia em 06 de junho nos cinemas (não há cenas pós-créditos).
Apaixonada por filmes e séries, queria transformar o mundo em um lugar melhor, deitada na minha cama, ligada na TV.
“Sou só uma garota ferrada procurando pela minha paz de espírito.” Kruczynski, Clementine (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças).