Abril de 2008. Estreava ‘Homem de Ferro’, sob a direção de Jon Favreau. Naquele momento, a Marvel Studios iniciava um projeto ambicioso. A linha de chegada dividiu-se em dois filmes: ‘Vingadores: Guerra Infinita’ e ‘Vingadores 4’ (com o título oficial ainda não divulgado). Acumulando os dois maiores orçamentos da história do cinema, os dois longas – que juntos devem custar cerca de US$ 1 bilhão – marcam o ápice do gênero super-herói. Sendo assim, não seria esperado nada menos do que duas obras grandiosas, com sucesso de público e crítica. E a julgar por esta primeira parte, que estreou nesta semana, o objetivo será alcançado, pois Guerra Infinita consegue cumprir com o prometido.
No comando estão os Irmãos Russo, que depois de dirigirem o excelente ‘Capitão América 2: O Soldado Invernal’ e o controverso ‘Capitão América: Guerra Civil’, precisavam de um terceiro filme para decretar seus papeis dentro do estúdio. Para sorte deles e do público, saíram muito bem na prova definitiva. Os dois conseguem trabalhar com diversos atores numa mesma cena, num mesmo plano, distribuindo bem o destaque para cada personagem. A coreografia das lutas beira a perfeição. Há um casamento entre as habilidades de cada herói. Suas aptidões se encaixam – especialmente no núcleo do espaço (composto por Homem de Ferro, Homem-Aranha, Doutor Estranho e os Guardiões da Galáxia).
A principal engrenagem do longa é Thanos. Sim, temos um grande vilão. Trata-se de um personagem de camadas, que consegue ser um tirano sem perder a sensibilidade de um humano. A construção de sua motivação para atacar a Terra é bem elaborada, inclusive conseguimos entender as suas ações. Como ele bem declara, busca “o equilíbrio perfeito, como tudo deveria ser”. É alguém que tenta executar boas intenções através de uma visão distorcida (ou seria correta?). Sua jornada é completa. A trama gira em cima dele, que é o real protagonista.
Falando em Thanos, que embora seja construído em CGI, suas expressões faciais conseguem nitidamente imprimir sensações. Através de um excelente trabalho de capturas de movimento com o ator Josh Brolin, os efeitos visuais pouco atrapalham a verossimilhança do vilão.
Quanto ao ritmo do filme, a ação é praticamente constante. Há diversas batalhas longas, divididas em dois núcleos (o da Terra e o do espaço). Quando surge alguma pausa, momentos dramáticos são evocados – alguns capazes de fazer os fãs chorarem (como as mortes). As piadas (para a indignação de alguns) também estão presentes, mas a maioria delas funciona e aparece em momentos propícios, sem estragar as principais linhas de tensão. Ao longo das quase três horas de duração, o filme consegue arrancar suor, risadas e lágrimas do espectador.
A aparição de cada herói em determinada cena sempre tem uma função, seja para informar algo ou realizar alguma ação. Ninguém está lá apenas por estar. Até mesmo Groot, agora um adolescente, cumpre função vital na jornada de Thor.
O roteiro e o design de produção também triunfam ao apresentar novas habilidades à figuras muito conhecidas, como é o caso de Homem de Ferro, Homem-Aranha (que usam trajes com recursos inéditos) e Doutor Estranho (que mostra grande evolução desde seu filme solo).
Outro ponto que deixa o longa muito divertido são os encontros de personagens que não se conheciam até então, como as cenas de Bucky Barnes e Rocket; Thor e Peter Quill; Tony Stark e Doutor Estranho. O choque entre as múltiplas personalidades é uma atração à parte. É como aqueles momentos em que apresentamos dois grupos de amigos nossos um ao outro, sem sabermos o que esperar.
O único problema do filme está na omissão (ou pouca profundidade) de algumas informações. Thanos deixou sobreviventes em Xandar? A personagem Valquíria está morta? Onde está Kraglin (novo tripulante da nave dos Guardiões da Galáxia)? Essas e outras perguntas ficam no ar.
Quase perfeito, com aquele famoso “1%” de falha, ‘Vingadores: Guerra Infinita’ é o melhor filme da Marvel. Ele traz muita diversão, momentos de partir o coração e ainda opta por um final CORAJOSO, capaz de deixar os fãs estonteados quando os créditos sobem na tela. Se ‘Vingadores 4’ deseja ser ainda melhor, terá de ir ao extremo.