Crítica | Vigiados (The Rental) [2020]

Nota do Filme:

O longa de estreia de Dave Franco na direção acompanha um final de semana na vida de dois irmãos, Charlie (Dan Stevens) e Josh (Jeremy Allen White), e suas respectivas parceiras, Michelle (Alison Brie) e Mina (Sheila Vand). Após alugarem uma casa aparentemente perfeita para a ocasião, o quarteto não demora a perceber que o local não é exatamente o que parece e, paralelamente a isso, segredos vão sendo revelados, o que só aumenta a tensão. Infelizmente, a primeira investida de Franco atrás das câmeras possui – com larga vantagem – mais defeitos do que qualidades.

Comecemos pelo começo; quando a projeção completa um minuto (!) já foram empregadas três convenções batidas do gênero: a trilha grave, o penhasco e a casa isolada, indicando que testemunharemos uma história pouco original. E, de fato, o roteiro escrito a seis mãos por Franco, Joe Swanberg e Mike Demski se desenvolve com pouca inspiração, culminando em um inevitável anticlímax. E embora os protagonistas se esforcem e apresentem performances dignas, pouco podem fazer com um material tão fraco e raso.

Funcionam melhor a música de Danny Bensi e Saunder Jurriaans (que fizeram algo semelhante em O Homem Duplicado) e a fotografia de Christian Sprenger (sempre competente em Atlanta), que salientam a atmosfera ameaçadora do cenário. Mas a narrativa enfadonha e previsível acaba por sabotar tais empenhos.

Como se não bastasse, o filme ainda investe em subtextos e dramas paralelos que em nada acrescentam à trama, servindo apenas como um recurso para encher linguiça e mascarar a fragilidade de seu enredo, que soa longo demais mesmo com menos de noventa minutos de duração.

No final das contas, Vigiados apresenta personagens que nunca se desenvolvem o suficiente a ponto de tornarem-se interessantes, assim como seu vilão – e suas motivações – é inserido de maneira tão pálida que sequer nos empolgamos para torcer contra. Fica a torcida para que as próximas empreitadas de Dave Franco como diretor sejam mais inspiradas.

P.S.: Já é um assunto gasto falar das péssimas escolhas dos títulos em português dos filmes, mas nesse caso a bola fora é ainda mais grave, considerando que chega a ser um spoiler.