Crítica | Um Espião e Meio (Central Intelligence) [2016]

Nota do Filme:

Em 1996, Calvin Joyner (Kevin Hart) é o cara. O cara que todo mundo ama e todo mundo quer ser. O inabalável atleta número um. O estudante mais comprometido. Uma intrépida estrela do mundo dos colegiais. Com o eternizado título “O Foguete Dourado” estampado em sua icônica e única jaqueta. Não é surpresa que ele tenha a namorada mais bonita. Não é de se admirar que seus colegas de classe votem nele como “o mais provável de ter sucesso” em seu último ano.

Vinte anos saltam em um único corte após uma cena inesquecível no ginásio da escola. Sua esposa, Maggie (Danielle Nicolet), acha que ele está tendo uma crise de meia-idade e insiste que eles vejam um terapeuta. Em seguida, vem um pedido de amizade de Bob Stone (Dwayne Johnson), um segundo nome adotado por Robert Weirdicht, que  se tornou notório no ensino médio como o alvo de uma brincadeira – quando um bando de caras o jogaram nu no centro do ginásio de sua escola durante uma comemoração. Apenas Calvin o ajudou durante o embaraçoso momento. Agora Bob – um agente da CIA que nunca esqueceu a gentileza de Calvin – quer encontrá-lo. Um encontro que mudaria a sua vida para sempre.

Bob está lá para pegar o Gambá Negro, apelido de um agente misterioso que, ao que parece, assassinou seu parceiro e planeja vender os códigos de criptografia por satélite dos EUA para o maior lance no mercado dos peixes grandes. Mas o chefe de Bob, interpretado com frieza e determinação por Amy Ryan, pensa que Bob é o próprio agente traidor, e a forma como isso se desenrola é competente o suficiente em um nível de jogo de espião para fazer você momentaneamente esquecer que não está assistindo algo chamado Um Espião e Meio.

A presença de Kevin Hart deveria escalar para o desapego depois de tantos papéis como sidekick, mas de alguma forma não é o caso neste filme. Ele ganha em Um Espião e Meio um espaço nos diálogos que, não importa o quanto você resista, ele te conquista quando deixa escapar sua última frase. E Dwayne Johnson é tão vitorioso em sua falta de jeito, seriedade e generosidade geral que o público pode relevar a sua falta de presença dentro do palco de piadas improvisadas e momentos que criam a lembrança engraçada do filme.

Um Espião e Meio tem muitos buracos e se arrasta em muitas das piadas, arruinando o seu ímpeto. Mas a química entre os dois protagonistas é inconfundível, elevando um roteiro previsível. Atentando aqui para Hart mais do que para Johnson, mas prepare-se para uma corrida estereotipada – embora às vezes engraçada. Isto é, junto a duração do longa, saudável em proporção ao quão perto o final se anuncia.