Crítica | Thor: Amor e Trovão (Thor: Love and Thunder) [2022]

Nota do Filme:

Dirigido por Taika Waititi, Thor: Amor e Trovão aposta no humor após o sucesso de Thor – Ragnarok, que teve intensa pegada de comédia. O longa tem início após os eventos de Vingadores – Ultimato, aproveitando o gancho em que o super-herói se une aos Guardiões da Galáxia em busca de batalhas pelo universo. Até que surge uma ameaça de grandes proporções fazendo com que o Deus do Trovão deixe o grupo e siga na jornada de combate a um assassino galáctico, conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses.

Thor é um dos super-heróis da Marvel que mais muda de humor e mais apresenta diferentes facetas em seus filmes. Se em Thor (2011) ele era um sujeito determinado a lutar, focado em preservar Asgard a qualquer custo, sem conhecimento sobre o modo de vida na Terra, nessa mesma obra, ele amadurece e passa a priorizar a paz acima de sua sede de batalhas. Em Thor – Mundo Sombrio, o tom de seriedade do herói prevalece, enquanto em Thor – Ragnarok, predomina a veia cômica do ‘viking espacial’. Já em Vingadores – Ultimato, ele não passa de um beberão corpulento, deixando para trás o corpo sarado de músculos e sua determinação.

Com isso, em Thor: Amor e Trovão, o protagonista retoma sua antiga forma física e segue em uma jornada de autoconhecimento para entender seus próprios sentimentos e preencher o vazio, buscando um sentido na vida. Entretanto, a trajetória é interrompida, involuntariamente, quando ele descobre a matança causada pelo Carniceiro dos Deuses e parte a fim de eliminar essa ameaça, com a ajuda da Rei Valquíria (Tessa Thompson), do amigo Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman), que – para sua surpresa – inexplicavelmente empunha seu martelo mágico, o Mjolnir, como a Poderosa Thor.

A equipe não tem muito entrosamento mas, tal qual Thor – Ragnarok, eram as pessoas que ele podia contar naquele momento e logo nasce a química entre eles. Jane Foster não tem tempo de aprimorar seus novos poderes, faltou espaço para a cientista se desenvolver como a Poderosa Thor, ela tem essa parte de sua história contada de forma apressada, sem mostrar de fato como aconteceu e entra no campo de batalha sem qualquer prática de guerra, mas, de alguma forma, convence e brilha como a nova super-heroína. O clima romântico entre os dois não tarda a aparecer, o que era de esperar dado o título do longa.

O filme, na verdade, é sobre o amor. O amor de um pai pela filha, o amor romântico e o amor por um povo, quando se quer fazer de tudo para protegê-lo. O sentimento de vingança nasce justamente da decepção pela perda de um amor, ao descobrir que essa morte foi em vão. Amor e perda e são os sentimentos que impulsionam o longa, recheado de cenas de ação, muitas piadas e alívios cômicos para tornar leve o roteiro e seguir com a fórmula de obras do Universo Cinematográfico Marvel – UCM, já tão batida.

A trama tenta equilibrar os instantes de seriedade, como no arco de Foster, que é acometida por uma doença real – ao tempo em que ela surge como a Poderosa Thor – e as constantes piadas, que beiram o absurdo. Esse equilíbrio funciona na maioria das vezes e estabelece a narrativa com momentos de ação, drama e a mais pura galhofa, em meio a uma estética estonteante, ao som do mais clássico rock n´roll. A trilha sonora está incrível, a película tece uma verdadeira homenagem ao Guns N’ Roses, com quatro músicas da banda, além de algo mais.

A fotografia também é elaborada, o visual é exuberante, deixando cenas alegres e radiantes em lindos locais e indo para o preto e branco em um momento soturno, de forma bem aplicada. A motivação do vilão, vivido intensamente por Christian Bale, está na primeira cena do longa e é fácil de aceitar, trata-se de um sujeito sem nada a perder, em busca de vingança, após uma grande decepção com os deuses. Bale sabe bem fazer esses tipos esquisitões e mal intencionados. Ele está ótimo no papel, mas acaba sendo subutilizado, poderia ter mais espaço para mostrar todo o seu potencial.

Com uma nova ameaça e um novo grupo empenhado em extingui-la, Amor e Trovão é divertido e conta com uma história amarrada, cenas de ação, comédia e romance, na medida, sendo praticamente incapaz de entediar o espectador. No entanto, está cada vez mais difícil acompanhar os conteúdos da Marvel. Com tantos filmes e séries, insiste em apresentar novos super-heróis e, com muito ainda a oferecer, promete não parar tão cedo. Enquanto tiver público dando audiência aos famigerados super-heróis dos quadrinhos e isso for lucrativo, mais materiais virão. Inclusive, um Thor “5” deve estar a caminho.

Thor: Amor e Trovão estreia em 07 de julho de 2022 nos cinemas. Possui duas cenas pós-crédito.

Direção: Taika Waititi | Roteiro: Taika Waititi, Jennifer Kaytin Robinson | Ano: 2022 | Duração: 124 minutos | Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tessa Thompson, Christian Bale, Taika Waititi, Russell Crowe, Jaimie Alexander, Chris Pratt, Dave Bautista, Karen Gillan.