Crítica | Stranger Things (3ª Temporada)

Nota do filme:

Stranger Things tem fogos de artifício, monstro gosmento, puberdade e confusão. Mas é claro que vai muito além disso. A terceira temporada traz bastante humor, pontos de virada surpreendentes e desenvolve bem a maioria dos personagens. Sem ser corrido ou lento demais, cada episódio é uma surpresa, sendo praticamente impossível não maratonar e assistir tudo de uma vez. 

Quem acompanha a série desde o começo pode se assustar com como aquelas crianças estão crescendo rápido. A nova temporada mostra, também, o peso da responsabilidade nas decisões de cada um, na medida que precisam confrontar as mudanças e a passagem do tempo. Eleven (Millie Bob Brown) e Mike (Finn Wolfhard) estão namorando e os amigos têm que lidar com a novidade. Essa questão é muito bem desenvolvida e a narrativa traz um certo realismo para as relações humanas que é totalmente oposto do lado ficcional. O equilíbrio entre os dois lados é harmônico e dá certo, principalmente porque o público já conhece os personagens, de modo que fica fácil explorar mais a personalidade de cada um. 

A parte ficcional é igualmente interessante, porém,  nada de respostas. As criaturas do mundo invertido voltam a atacar, só que agora com um toque especial e um deleite para os conspiracionistas: comunistas. Por ser uma série ambientada nos anos 80, a história faz sentido, mas abre mais uma possibilidade sobre o enredo e quais rumos tomará daqui para frente. 

Depois do fracasso de várias séries que abriram diversos arcos narrativos e jamais conseguiram fechar, é normal o receio sobre como as coisas vão terminar. E, por falar em eixos narrativos que não se fecharam, esse é um dos pontos baixos dessa temporada, que acabou por não concluir questões mal resolvidas da segunda. Resta aos fãs confiarem nos irmãos Duffer, diretores e escritores da série. 

Já os efeitos visuais não deixam a desejar. Os monstros do mundo invertido estão ainda mais nojentos e aterrorizantes. Apesar de ter esse lado assustador, os episódios são coloridos e vibrantes, conseguindo construir bem a atmosfera dos anos 80. As roupas e a caracterização, usados de maneira inteligente, contribuem tanto visualmente quanto na própria construção da história e no desenvolvimento do roteiro. A fotografia, junto com as mudanças sociais que acompanham a época, consolidam Stranger Things como uma série ambientada nos anos 80, ponto que mais chamou atenção quando foi lançada, em 2016. 

A terceira temporada de Stranger Things é divertida, nostálgica e, em alguns momentos, dramática e sombria, assim como a primeira e a segunda. O humor, porém, está bem mais presente. O alívio cômico cai bem nas cenas mais tensas, sendo o destaque o núcleo do Dustin (Gaten Matarazzo) e Steve (Joe Keery).  Robin (Maya Hawke), uma nova personagem, e Érica (Priah Ferguson), seguem os dois na tentativa de decifrar um código captado pelo rádio. A química entre os quatro é excelente, as cenas são divertidas e inteligentes. É um grupo que poderia muito bem se tornar um spin off da série no futuro.