Crítica | Sicário – Terra de Ninguém (2015)

Nota do filme:

Nesta trama de 2015 dirigida por Denis Villeneuve, temos tudo o que se espera de um suspense de qualidade: dúvida, tensão, ansiedade, choque e surpresa. O diretor, como sempre faz em seus filmes, usa de uma fotografia impecável para nos transportar para dentro da tela de um modo que não conseguimos evitar as sensações provocadas pelas situações ali vividas. Villeneuve tem um estilo único de direção, pelo qual estou cada vez mais apaixonada, que nos faz sentir a angústia da personagem principal, nos faz duvidar de seus parceiros e também provoca um vazio, que nos faz sentir tão perdidos quanto aqueles que buscam a verdade em seus filmes.

O longa nos apresenta Kate Macer (Emily Blunt) e seu fiel parceiro Reggie Wayne (Daniel Kaluuya), dois agentes do FBI que dedicam suas vidas ao trabalho que exercem, sem espaço para família ou qualquer relação fora deste meio.  Nessa dinâmica obsessiva, Kate toma ciência de uma tentativa do governo norteamericano de vencer uma parte significativa da guerra às drogas, e, sem pensar duas vezes, ela se voluntaria imediatamente para participar. Seu parceiro, Reggie, por sua vez, é propositalmente afastado da missão em um primeiro momento, tendo em vista sua formação em direito e posicionamentos sempre dentro da lei.

A dinâmica inicial mostra que o trabalho realizado pela equipe de Kate nos EUA não está nem perto do suficiente para realmente chegarem aos verdadeiros culpados, e é por isso que ela aceita o desafio de tentar localizar os verdadeiros chefes do tráfico na fronteira do México com o seu país. Os primeiros contatos com a equipe que liderará este capítulo desta guerra interminável trazem certa frustração a Kate, já que ninguém é claro sobre nada e as intenções daqueles que participam da força-tarefa parecem mais obscuras do que deveriam ser.

Um dos personagens mais enigmáticos da trama é Alejandro Gillick, vivido por Benicio Del Toro, que interpreta um ex-promotor de justiça mexicano que teve sua vida virada de cabeça para baixo durante uma de suas tentativas de derrubar os gigantes do tráfico. Após ver sua vida pessoal completamente destruída, ele vai em busca de vingança e passa por cima de qualquer um que tenta impedi-lo. A sua sede por justiça é o motivo pelo qual foi contratado para este trabalho.

Outro personagem que causa estranheza e dúvida sobre seus motivos é Matt Graver (Josh Brolin), que por um momento parece ter boas intenções, mas, logo em seguida, vemos momentos em que ele parece não ter nem um pingo de escrúpulos na forma como direciona a sua equipe. Matt sabe da gana de Kate e deixa que ela se coloque em situações de risco o tempo todo, o que acaba ajudando a equipe, já que ela acaba servindo como bode expiatório mais de uma vez, mas a expõe a riscos que ela não poderia prever.

Em Sicário – Terra de Ninguém entendemos que a luta contra o tráfico é algo interminável e a injustiça sempre prevalece. Aqueles que ficam no meio do caminho é que pagam o preço mais alto: perdem familiares, vivem em constante medo ou pagam realmente com a própria vida. Não há lição de moral neste filme, há apenas a contemplação da injustiça vivida por tantos que são submetidos a esta realidade.