Crítica | Shazam! [2019]

Nota do filme:

Depois do sucesso de bilheteria e crítica de Mulher-Maravilha (2017), é possível notar uma postura diferente da DC Comics (DCEU) em relação a linguagem de seus filmes anteriormente dirigidos por Zack Snyder, exemplo dos polêmicos Homem de Aço e Batman Vs.Superman. Em Shazam, a proposta é outra, proporcionar uma experiência sólida direcionada ao público juvenil e adolescente, e o resultado é surpreendente, pois pela primeira vez vemos um herói comandado na perspectiva de uma criança. 

Billy Batson (Asher Angel) é um jovem rebelde órfão que busca incessantemente o paradeiro de seus pais biológicos. Após ser detido pela polícia, o rapaz é levado até o conselho tutelar onde é adotado pelos Vasquez, um generoso casal que abriga cinco adolescentes. Inconformado com a rotina e o afeto do novo lar, ele tenta encontrar seu lugar no mundo e acaba parando dentro do metrô onde é transportado até a Rocha da Eternidade, uma peculiar caverna habitada por um sábio mago. Depois desse encontro, Batson recebe do homem poderes ancestrais como velocidade, super-força, disparos de trovão e muitos outros simplesmente ao dizer a palavra “Shazam!”. Com ajuda de seu irmão adotivo Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer), Billy precisa aprender a lidar com os novos poderes, o corpo de adulto e o verdadeiro significado de amizade.

A direção de David F. Sandberg (conhecido pelas obras de horror Quando as Luzes se Apagam e Annabelle 2) é contida e não busca grandiosidades do gênero ou requintes cinematográficos. Porém, existe cuidado para desenvolver o relacionamento de Billy com a família – em especial com Freddie, momento onde o filme ganha destaque. A interação entre os dois é fundamental para compreender as habilidades secretas de Shazam, pois o protagonista não faz ideia do potencial e da responsabilidade de ser herói. Com isso, o público pode esperar boas risadas durante esse desenvolvimento, pois Billy usa os poderes para futilidades: comprar bebida, visitar um clube de striptease, fazer acrobacias para ganhar dinheiro ou até mesmo recarregar o telefone de civis. Esse arco também abre espaço para referências a cultura pop e ao próprio universo da DC, coisa que Freddie entende muito bem.

O elenco também é muito bem escalado. Zachary Levi interpreta o Shazam fiel aos quadrinhos e consegue a árdua tarefa de fazer uma criança no corpo de adulto sem parecer forçado ou caricato, encontra o ritmo certo no humor e na hora de tomar decisões cruciais para trama. Marta Milans e Cooper Andrews convencem como o casal Vasquez e transmitem o zelo que possuem pelas crianças, são receptivos e sabem o momento certo de chamar atenção delas. O vilão Doutor Thaddeus Sivana interpretado por Mark Strong tem um arco muito interessante e apresenta motivações suficientes para sua revolta contra o Mago Shazam (Djimon Hounson eficiente mesmo com pouco tempo de tela) e sua devoção aos sete pecados capitais.

Talvez esse seja o filme mais infantil e colorido feito pela DC Comics, no entanto isso, de forma alguma é ruim, pois é dever dos blockbusters entreterem o público e isso Shazam faz de maneira exemplar. A empresa encontrou a fórmula correta para seus longa-metragens, deixando os fãs otimistas com seu futuro.

Shazam! conta com duas cenas pós-créditos.