Crítica | Rainhas do Crime (The Kitchen) [2019]

“Não tem lugar para nós no mercado.”

Ruby O´Carroll (Tiffany Haddish)

Nota do Filme:

Estreia de Andrea Berloff na direção, Rainhas do Crime é uma adaptação da série de quadrinhos homônima (The Kitchen) da Vertigo (DC Comics) e acompanha a história de três mulheres que assumem o comando da máfia local após seus maridos serem presos pelo FBI. Logo no início as três famílias são apresentadas, demonstrando as características de cada uma: de bom convívio afetivo a sérios problemas conjugais. Talentosas, é fácil criar empatia pelas protagonistas e torcer por elas durante a interessante obra.

Após a prisão dos maridos, as três se vêem sem dinheiro para arcar com todas as despesas e sem perspectiva de melhora, quando decidem agir por conta própria desafiando o novo “chefão” do local e pondo as próprias vidas em risco. A rapidez com que isso acontece deixa a trama um pouco inverossímil diante da época e da situação de desproteção em que elas se encontravam. Da mesma forma, o plot twist que ocorre no último ato é muito significativo, no que merecia ser mais desenvolvido e não jogado às pressas como foi feito.

Com boas atuações Melissa McCarthy (Kathy), Tiffany Haddish (Ruby O´Carroll) e Elisabeth Moss (Claire Walsh) sofrem algumas mudanças necessárias no decorrer da história. A última possui uma transformação mais perceptível, uma vez que começa se mostrando mais frágil e incapaz que as outras, de modo que a evolução de sua personagem era uma certeza. No entanto, Moss também é a que menos se entrega ao papel, mostrando-se desconfortável na função em alguns momentos.

A trama é ambientada em Nova York, no bairro Hell’s Kitchen, no final dos anos 70 e conta com uma bela fotografia, com cores frias, apesar de muito escura nos primeiros quinze minutos. O figurino trabalha em conjunto com a obra, facilitando a percepção da passagem de tempo: com sobretudos e casacos em um inverno de janeiro em Manhattan e, posteriormente, a adoção de roupas mais leves, sinalizando a mudança de tempo.

A acertada trilha sonora também contribui com a narrativa, deixando-a mais dinâmica, como exemplos a música de abertura: It´s a Man´s Man´s Man´s World, cujo refrão diz “Este é um mundo dos homens, dos homens, dos homens mas não seria nada, nada, sem uma mulher ou uma garota” e passa pela canção Carry On Wayward Son, cujo refrão, por sua vez, afirma “Siga em frente, meu filho rebelde. Haverá paz quando você tiver terminado. Repouse sua cabeça cansada. Não chore mais”.

O longa não dispensa violência, agressividade e transpira o empoderamento feminino. Apesar da trama se arrastar um pouco, em uma época de feminismo em alta e empoderamento do gênero, um enredo em que apresenta mulheres da década de 70 fortes e determinadas o bastante para tomar da mão de gângsters o poder da máfia local é muito válido e importante para as conquistas atuais. Mas se engana quem acredita que é um filme apenas para mulheres, sendo atrativo a todos os gêneros. Vale a ida ao cinema!

Rainhas do Crime estreia em 09 de agosto nos cinemas.

Direção: Andrea Berloff | Roteiro: Ollie Masters, Ming Doyle | Ano: 2019 | Duração: 102 minutos | Elenco: Melissa McCarthy, Tiffany Haddish, Elizabeth Moss, Domhnall Gleeson, Common, James Badge Dale, Margo Matindale, Brian d´Arcy James, Wayne Duvall, Bill Camp, Alicia Coppola.