Crítica | Please Like Me (2013 – 2016)

Nota do filme:

De vez em quando a gente acaba descobrindo um filme ou série incrível pelos cantos da Netflix. Please Like Me é um desses achados. A série australiana foi escrita por Josh Thomas que já era conhecido no país como comediante. Josh é, também, o protagonista da história. Ou seja, ele escreve, atua e dirige alguns dos episódios. Não há confirmação de que a roteiro seja totalmente autobiográfico, mas é inspirado em acontecimentos reais da vida do autor. 

Josh e seu melhor amigo Tom (Thomas Ward) moram juntos e enfrentam os dilemas do começo da vida adulta. O ponto de partida da história é quando a mãe de Josh, Rose (Debra Lawrence), tenta se matar, e ele se descobre gay. Tudo isso acontece no primeiro capítulo. Pode parecer muita informação para 25 minutos — duração média de cada episódio — mas, o roteiro não é apressado, os cortes entre as cenas são suaves e o ritmo se mantém até o final da série. Essa proeza de trazer uma narrativa tão complexa em pouco tempo e de maneira simples é o que torna Please Like Me genial. 

Mas afinal, sobre o que é a série ? É difícil enquadrá-la em um só gênero, apesar de o próprio autor tê-la definido como um drama. Os episódios são carregados de cenas de comédia, com um humor sarcástico que brinca com a dura realidade dos personagens. Mesmo assim, não há sequer um capítulo que deixe de provocar alguma reflexão sobre assuntos que envolvem suicídio, transtornos mentais, homofobia e machismo. O grau de realidade das cenas que tratam sobre esses temas se deve, principalmente, à espontaneidade dos atores e a diálogos tão bem escritos que parecem ter sido improvisados na hora, ou gravados do cotidiano de uma família real.

A série terminou em 2016 com quatro temporadas. Com a passagem do tempo, o peso no drama pelo qual a narrativa se desenvolve se torna cada vez mais presente. A maneira como Josh lida com os problemas pode causar certa estranheza, contudo, o que parecia inconcebível no começo, desperta empatia depois.  Please Like Me é uma lição de amor, amizade e companheirismo que não cai em clichês. Surpreende mostrando que existe muito a se refletir quando se trata de relacionamentos e afeto.