Crítica | Pantera Negra (Black Panther) [2018]

Nota do filme:

Algo que nos últimos anos o cinema fez muito bem foi ser representativo, dando espaço para grupos sociais majoritários quantitativamente, mas considerados minoritários por aqueles que costumam ser beneficiados em todas as situações. Em geral, um universo muito propicio para isso é o dos filmes de heróis.

“Mulher Maravilha” é um filme da DC, que dá voz a mulher, tanto no papel principal, quanto na direção. Em compensação, a rival Marvel com “Pantera Negra”, dá voz ao negro, usando o personagem principal e a presença do elenco como forças majoritárias.

Dirigido por Ryan Coogler, a obra conta a história de T’Challa (representado por Chadwick Boseman), que acaba de assumir o trono de Wakanda, um país que através da tecnologia gerada de um metal poderoso, decidiu se isolar do resto do globo. Killmonger (Michael B.Jordan) é um homem que deseja ter acesso a essa tecnologia e assim, tenta invadir o país, tomar o trono e dominar o mundo.

A projeção utiliza muito da fotografia, elenco e montagem, para estruturar o filme em torno da história principal e da representatividade contida em todos os personagens ali retratados. Visualmente, a obra usa cores fortes para transmitir a força da matriz africana, tanto em suas roupas, por exemplo, todos os personagens ali utilizam tons chamativos em algum momento da narrativa, quanto no aspecto de transmitir a cultura do local, nesse ponto, o encontro das tribos é fascinante, pela presença de várias cores ali envolvidas de formas diferentes.

Todo o elenco funciona muito bem, principalmente Chadwick Boseman, Michael B.Jordan e Letitia Wright , que faz Shuri, irmã do rei. Esses personagens aproveitam o tempo de tela e suas falas para se construírem e se aprofundarem.

Mesmo que Killmonger, seja um vilão cruel e queira a dominação plena, ele tem um argumento que merece atenção, T’Challa tem suas próprias dúvidas, principalmente em como ser rei e comandar de maneira justa e real para todos, mesmo aqueles fora de Wakanda e Shuri se torna uma personagem com um peso dramático necessário, ao mesmo tempo em que serve como alívio cômico em determinados momentos.

As piadas dessa personagem, assim como as sequencias de ação, não são forçadas, com o objetivo apenas de colocar uma ou outra piada no roteiro e arrancar risadas do público, elas são orgânicas e surgem naturalmente. As cenas de ação funcionam por não serem muito rápidas e injustificadas, todas elas têm um começo, meio e fim bem estabelecidos, por poucos cortes – a cena do casino é quase em plano sequência – estes poucos cortes são bem encaixados, não deixando o público perdido entre os socos e chutes dos combatentes, como a cena da disputa ao trono por combate deixa bem clara.

Apesar dessas qualidades, se o filme fosse mais curto, possivelmente o terceiro ato dele seria melhor e manteria a qualidade do roteiro, que sofre para conseguir fechar os arcos construídos com a mesma que os apresentou e desenvolveu ao longo da obra.

Logo, “Pantera Negra” é um filme bem construído, tanto no objetivo artístico, quanto no objetivo comercial, apresenta uma direção coesa de Ryan Coogler e uma história que cativa, não apenas pelos personagens atraentes, mas pela representatividade presente na projeção.