Crítica | Obsessão (Greta) [2018]

Nota do filme:

O suspense é de Neil Jordan (Entrevista com o Vampiro), estrelado por Isabelle Huppert (Greta Hideg) e Chloë Grace Moretz (Frances McCullen). Trata-se de um thriller psicológico em que uma mulher solitária (Greta – personagem que dá nome ao filme na versão original) deixa bolsas no metrô na esperança de que alguém devolva e, assim, possibilite que ela comece um “laço” com a pessoa. A história tem início com a rotina de Frances, jovem ingênua que veio de Boston para morar em Nova York. Com uma música ao fundo sobre a perda de um amor, retratando a solidão de uma mulher que procura por alguém nos dá uma pista do que está por vir. Assim, ao encontrar e devolver uma das bolsas, a personagem tem o seu primeiro contato com Greta.

A graciosidade de Moretz (Kick Ass – Quebrando Tudo) aliada à competência da incrível Hupert (Elle) trazem qualidade ao suspense. Desde o primeiro encontro se percebe uma conexão entre ambas e o relacionamento evolui desde então. Sem muita utilidade, a personagem de Érica (Maika Monroe) serve para facilitar a narrativa, uma vez que ela é a “voz da sensatez”, criando o conflito com a “nova amiga” da Frances. Contudo, os diálogos entre as duas soam óbvios, restando a esta o encargo de conscientizar a protagonista sobre atitudes evidentes, tendo em vista tamanha ingenuidade da amiga.

No entanto, tão logo Frances descobre a estranheza por trás da relação, começa a tentativa de se afastar da amiga recém feita. É com essa fuga que se dá início ao processo de stalker de Greta e rende alguns momentos “sem noção” (como no belo episódio do restaurante, em que fica evidente, público e notório que ela representa uma ameaça), mas que conferem uma certa personalidade à obra.

Explica-se que não é o medo ou os sobressaltos que fazem um suspense ser bom. É, sobretudo, a expectativa, a espera de que a qualquer momento teremos um enorme susto. Não à toa que grandes suspenses não focam em jump scares, mas nos fatos que os antecedem e, o ápice com direito a pulo da cadeira vem, na verdade, quando menos se espera. Este thriller não investe em “cenas de susto”, não tem o condão de estarrecer, mas brinca com o psicológico da protagonista sem se levar a sério. Afinal, embalado por músicas alegres em momentos tensos, diversas cenas mostram que o longa não se leva a sério e requer que seja encarado dessa forma.

Quando se percebe que a intenção é mais divertir do que assustar, tudo começa a fazer sentido. O filme é despretensioso e objetiva apenas mostrar um terror psicológico, sem muita profundidade ou lógica. Algumas passagens refletem a falta de coerência do roteiro, mas não estragam o longa enquanto entretenimento. De fato, nada funcionaria bem não fossem as excelentes atuações das protagonistas, com destaque para Isabelle Huppert, e a direção arrojada de Jordan. Com isso, uma ótima trilha sonora, uma bela paleta de cores, algumas cenas gore e uma personagem perturbada e ameaçadora contra uma jovem doce e incauta, Obsessão cumpre o seu propósito, como um bom entretenimento.

O filme estreia em 13 de junho nos cinemas.