Crítica | O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (Terminator: Dark Fate) [2019]

Nota do filme:

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio marca a volta do criador da saga, James Cameron, à produção da franquia. Conta, também, com o retorno de Linda Hamilton e Arnold Schwarzenegger aos seus icônicos papéis de Sarah Connor e T-800, respectivamente. Apesar de ser o sexto da série, este se adapta como trilogia direta de O Exterminador do Futuro (The Terminator, 1984) e O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (Terminator 2: Judgement Day, 1991), desconsiderando os filmes subsequentes.

A história se passa 25 anos após os eventos do segundo longa, quando um novo e modificado exterminador, Rev-9 (Gabriel Luna), de metal líquido, é enviado do futuro para matar Dani Ramos (Natalia Reyes), jovem que cuida da família e trabalha em uma fábrica. Para não fugir do esquema das outras obras, também é mandado alguém – menos avançado – para protegê-la, tratando-se, no caso, de uma híbrida ciborgue e humana (super soldada aprimorada), Grace (Mackenzie Davis).

O filme possui diferentes cenários e funciona como road movie dadas as numerosas ambientações, passando por Guatemala, Cidade do México e indo em direção ao Texas. De forma que, nesse instante, denota-se uma bela oportunidade para inserir uma questão política em voga nos Estados Unidos: o problema da imigração ilegal e a intolerância do governo norte-americano nesse aspecto. Para ilustrar o tema, as protagonistas tentam atravessar a fronteira com as dificuldades inerentes ao processo e se deparam com o muro que divide os dois países.

Os momentos de ação não demoram a ocorrer e, tampouco, decepcionam: perseguições em alta velocidade, embate corporal e tudo que se pode esperar, com a adrenalina da saga. O problema está em torno da repetição da ideia, todo o roteiro bebe da fonte dos longas da franquia. Embora as referências sejam bem-vindas, há um exagero no recurso, de modo que até mesmo falas, cenas e situações são repetidas dos antecessores. Outro ponto negativo é o uso de “Deus ex machina” para facilitar a narrativa (como a trama do amigo no exército, que dispõe tão facilmente de algo útil aos personagens).

As atuações merecem destaque. Em época de feminismo em alta, o filme acerta com o empoderamento do gênero, trazendo atrizes competentes nos papéis de guerreiras ousadas, que convencem em suas funções e fazem um primoroso trabalho. A entrada de Sarah Connor em cena é triunfal, nem mesmo a idade avançada fez Linda Hamilton perder o vigor para o papel.

Natalia Reyes desenvolve bem as camadas da sua personagem, sendo notória a mudança de jovem assustada para uma mulher forte e destemida. No entanto, é estranho perceber que ela embarcou com facilidade na trama, passando muito tempo fugindo com aquelas desconhecidas mulheres sem resposta sobre os fatos. O mistério sobre Dani não surpreende, mas só é dito no terceiro ato, quando se revela a justificativa de toda a história.

A narrativa é fluida graças à dinâmica acelerada das cenas de ação, que conta com coreografias empolgantes na luta contra o vilão. Contudo, alguns momentos distraem o espectador. A introdução de Schwarzenegger não tem o mesmo charme da entrada de Hamilton e tem uma trama insossa por trás, mas deve arrancar suspiros dos fãs mais fervorosos que esperam há anos por esse momento. E o ator cumpre com eficiência seu desígnio, suporta os embates e reage com ótima desenvoltura em seu velho personagem.

A saga Terminator não se trata de entretenimento vazio, podendo ser observadas certas críticas na obra tanto ao desmedido avanço tecnológico quanto ao papel da sociedade de articular forças para resistir contra o mal. Em Destino Sombrio, ainda aborda temas atuais, como o empoderamento feminino e o processo de imigração ilegal nos Estados Unidos. A história deste não desaponta, as cenas de ação divertem e o longa deve agradar aos fãs da série, repleto de referências, porém o roteiro não inova, traz a ideia geral dos antecedentes e acrescenta poucos elementos à narrativa.

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio estreia em 31 de outubro nos cinemas.

Direção: Tim Miller | Roteiro: David S. Goyer, Billy Ray, Justin Rhodes | Ano: 2019 | Duração: 129 minutos | Elenco: Linda Hamilton, Arnold Schwarzenegger, Mackenzie Davis, Natalia Reyes, Gabriel Luna, Diego Boneta, Ferran Fernandez, Tristán Ulloa, Tomy Alvarez, Tom Hopper, Alicia Borrachero, Enrique Arce, Manuel Pacific, Fraser James, Pedro Rudolphi, Diego Martínez, Kevin Medina, Edward Furlong, Steven Cree.