Crítica | O Esquadrão Suicida (The Suicide Squad) [2021]

“Eu prezo a paz com todo o meu coração. Não me importa quantos homens, mulheres e crianças preciso matar para consegui-lo.”

Pacificador

Nota do Filme:

O Esquadrão Suicida acompanha um grupo de supervilões, como Arlequina (Margot Robbie), Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), dentre outros, reunidos por Amanda Waller (Viola Davis) e liderados por Rick Flag (Joel Kinnaman) em uma perigosa missão na ilha de Corto Maltese. Lá, terão que impedir um evento apocalíptico ao mesmo tempo em que lidam com os conflitos político-militares da região.

Não é novidade para ninguém que a primeira incursão no grupo, dirigida por David Ayer e lançada em 2016, foi um completo fiasco de crítica, considerado por muitos como um dos piores filmes do subgênero, ainda que tenha arrematado um Oscar – sim, o filme foi premiado como Melhor Maquiagem e Penteados na cerimônia de 2017. Assim, uma grande mudança teria que ser feita caso houvesse a intenção de se sobressair positivamente, o que, felizmente, aconteceu. 

O Esquadrão Suicida não é um filme perfeito e, definitivamente, possui falhas, contudo, o saldo é bastante positivo. A escolha de trazer James Gunn para a cadeira de diretor foi acertada, uma vez que, conforme seu trabalho em Guardiões da Galáxia deixou claro, consegue trabalhar bem com elencos diversos e, mais importantes, personagens diversos. Trata-se de um dos grupos mais heterogêneos das HQs, e saber lidar com essa mistura é, talvez, o ponto mais difícil do roteiro.

Evidentemente, com tantos atores/atrizes à disposição, alguns personagens serão favorecidos e receberão mais destaque do roteiro, algo inevitável. O foco da história, portanto, recai na Arlequina e Rick Flag, também presentes no longa anterior e, também, na nova dupla Sanguinário e Pacificador, os quais possuem uma rivalidade divertida no quesito “letalidade”. Contudo, é seguro dizer que os coadjuvantes estão longe de serem deixados de lado, muito pelo contrário. Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior), Tubarão-Rei (Steve Agee na atuação corporal e Sylvester Stallone na dublagem) e Bolinhas (David Dastmalchian) não raramente roubam os holofotes, a primeira, inclusive, sendo responsável por alguns dos momentos mais tocantes do filme.

Dessa forma, o roteiro, de um modo geral, consegue balancear os ingredientes que tem, trazendo um mix interessante de comédia e ação com pitadas de sentimentalismo. Destaca-se, aqui, o combate final, extremamente intenso mas, mais importante, não menos engraçado. Ao final, Gunn ainda encontra a oportunidade para recontextualizar as “motivações” do grande vilão, tornando a situação menos triunfante e mais trágica do que se espera para este tipo de narrativa.

Todavia, conforme dito anteriormente, O Esquadrão Suicida não é desprovido de erros e, se o seu final é o seu ápice, o seu ponto mais baixo é o seu início. A história demora a engrenar, tratando do mesmo evento sob dois pontos de vista diferentes. O lado cômico pode agradar a alguns, contudo, há certo exagero ao lidar com a questão. A diminuição da abertura poderia ajudar com outro problema que é, justamente, o tempo da película que, com seus 132min, acaba por ser um pouco além do ideal.

Ainda há uma utilização efetiva de algo que parece ter virado marca do diretor desde o seu primeiro filme da Marvel, em 2014: cenas vagamente conectadas por músicas de rock clássico ao fundo. Se em Guardiões da Galáxia essa “tática” funcionou – apenas no primeiro, uma vez que na sua sequência já fora usado em demasia – é porque havia um contexto temático para tal, afinal, era a última ligação do protagonista com o planeta Terra. Aqui, porém, não apenas é utilizado em excesso como, também, carece desse subtexto necessário.

De toda forma, os negativos de modo algum superam os pontos positivos e O Esquadrão Suicida é um dos filmes mais interessantes de 2021, ao menos até o momento. Com uma reformulação (quase que) completa de elenco e, mais importante, nos bastidores, temos um (mais um) ótimo grupo de desajustados nesse eternamente crescente subgênero.