Crítica | No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow) [2014]

Nota do Filme:

No Limite do Amanhã[1] acompanha a vida de Bill Cage, militar com foco em relações públicas, após uma enorme invasão alienígena. Após um ameaçar seu superior, o General Brigham (Brendan Gleeson), se vê em uma missão suicida na qual é morto quase que instantaneamente.

Contudo, após a sua morte, se vê em um inexplicável loop temporal no qual, sempre que morre, revive o dia anterior. Em busca de respostas, procura auxílio de Rita Vrataski (Emily Blunt), melhor guerreira do exército humano, para, juntos, darem um fim à guerra.

Viagens no tempo são um artifício recorrente em produções audiovisuais, seja em clássicos como a trilogia De Volta para o Futuro, seja em produções recentes como Looper ou o seriado alemão Dark. É uma temática interessante que, quando utilizada com o devido cuidado, ajuda a moldar uma experiência diferenciada que, naturalmente, atrai o espectador. Nesse sentido, apenas a título comparativo, explica-se que o modelo aplicado em No Limite do Amanhã é bastante semelhante – provavelmente inspirado – naquele utilizado pela obra Feitiço do Tempo, estrelado por Bill Murray em 1993.

Felizmente, o longa aproveita ao máxima a sua engenhosa premissa, de modo a elevar a qualidade da experiência como um todo. O fato do protagonista reviver o mesmo dia por incontáveis vezes permite que se desenvolva de maneira incrivelmente rápida e, de outra forma, impossível.

Ainda, o fato de o cenário contrapor o avanço de Cage à não evolução dos seus companheiros acrescenta mais peso à narrativa. Isto porque, por mais que se sinta apegado aos seus colegas (sobretudo Rita) o sentimento jamais é recíproco, uma vez que, na realidade, se conheceram a menos de 24 horas.

Desse modo, inevitável não elogiar a excelente atuação no longa. Tom Cruise e Emily Blunt possuem excelente química juntos, fator imprescindível ao bom desenvolvimento narrativo, dado que estão presentes em quase todas as cenas. Contudo, válido apontar, também, o trabalho competente dos outros atores da obra que, por mais que em menor evidência, entregam performances convincentes.

Ainda, a direção de Doug Liman dá a fluidez e intensidade necessárias a esse tipo de narrativa. Com cenas de ação verdadeiramente frenéticas, complementadas por um excelente design da raça alienígena, o diretor consegue transmitir a brutalidade dos inimigos da raça humana. Ademais, utiliza-se da repetição diária de seu protagonista para injetar uma dose extra de humor, impedindo que a rotina se torne cansativa, quebrando de maneira eficaz o ritmo acelerado da história.

Não se trata de um longa desprovido de erros. Todavia, estes jamais chegam a comprometer a integridade da obra como um todo, de modo que No Limite do Amanhã se consagra como um dos melhores contos sci-fi de ação recentes. Complementada por uma direção competente e protagonistas inspirados, o resultado é um filme que, certamente, agradará a um público diverso, sem restrições de gênero.

[1] A alteração do título para Live Die Repeat, escolha original do diretor, ocorrerá junto do lançamento de sua sequência, Live Die Repeat and Repeat, ainda sem previsão de lançamento.