Crítica | Não Bata Duas Vezes (Don’t Knock Twice) [2016]

Nota do Filme:

Imagine uma realidade onde filmes sobre entidades atormentadoras feitos nos últimos vinte anos não existissem. Neste único cenário, Não Bata Duas Vezes pode ser anunciado como inovador. Neste mundo, no entanto, é apenas mais um creep-fest inspirado nos moldes de Ringu e O Grito, apresentando uma entidade sobrenatural e malevolente com longos cabelos desgrenhados. Simplificando, já vimos tudo antes – e feito muito melhor.

Katee Sackhoff interpreta a artista problemática Jess, cuja filha Chloe (Lucy Boynton) passou boa parte de sua vida em tratamento graças aos problemas de drogas de sua mãe. Agora, felizmente casada e livre das substâncias, Jess está finalmente tentando se reconectar com sua filha. Esse alinhamento já tão conhecido e amigável com tantas tramas no cinema e na literatura encontra aqui uma repetição cansativa. Desde que Clhoe cede a tentação de bater a porta de uma famosa casa assombrada, algo sombrio e torpe a atormenta da escuridão.

Para começar, o diretor Caradog W. James se contenta em produzir as preocupações atmosféricas e mecânicas assustadoras, mas quando o roteiro investiga os porquês e os acontecimentos indesejáveis ​​sobrenaturais que giram em torno do desaparecimento não resolvido de um garoto, torna-se extremamente complexificado, culminando em um fim torto, seco e insatisfatório até para os próprios personagens e para o que a trama poderia ter sido.

Como um horror bastante atmosférico que é, som e visual desempenham um papel fundamental no seu alcance para o ganho do público. Como as coisas sugeridas ou vislumbradas, bem como as coisas que são vistas. O ritmo é bom, com sustos bem cronometrados ocorrendo durante todo esse movimento. Além disso, ele consegue se sentir fresco e novo a cada novo gancho de ato, embora seja um comodismo bem gasto, mas nunca desconfortável. O elenco e a direção dão as mãos aqui para entregar isso com perfeita harmonia. Talvez a única em Não Bata Duas Vezes.

Não é preciso cavar muito fundo para encontrar os acertos inquestionáveis do filme. A produção acertou muito na caracterização e acabamento da criatura. Preservando o seu rosto e adaptando a sua silhueta para um clima de mistério, sua real aparência na luz muito lembram o já não mais tão recente Quando As Luzes Se Apagam. Não seria possível salvar o filme com um retrato tão mínimo do conceito. A própria atmosfera do medo inexiste até nas cenas mais lentas e de maior tensão que acontecem pelo segundo ato. Definitivamente não é um filme para ser assistido duas vezes por quem está disposto a arriscar a primeira ao vento. Não Bata Duas Vezes é um tiro único que nunca chegamos a ver acertar o alvo.