Crítica | Mulher-Maravilha 1984 (Wonder Woman 1984) [2020]

Nota do filme:

Mulher-Maravilha 1984 (WW 84), sequência de Mulher-Maravilha (Wonder Woman, 2017), é também dirigido por Patty Jenkins e consagra a franquia com o protagonismo da importante personagem tríade da DC. Neste emocionante e divertido filme, Diana (Gal Gadot) está mais confiante que antes e vivendo há muitos anos na Terra, consegue entender mais a vida humana, sem perder a fé nas pessoas.

A obra começa com uma espécie de campeonato entre as Amazonas quando Diana era criança (Lilly Aspell) e mesmo com tão pouca idade, já mostra sua determinação, coragem e vontade de vencer. Com uso da tecnologia, a menina e as amazonas dão um show de elasticidade e destreza que empolgam o espectador. O carisma de Gal Gadot é seguido pelo encanto de Lilly Aspell.

Os tons sépia de Themyscira logo dão lugar ao colorido que representa os anos 80, com suas camisas bufantes e o apego ao “futurismo”. O longa resgata não apenas o figurino, as cores e os maneirismos da época, mas também a essência e a inocência do período. A filha da rainha Hipólita segue incógnita defendendo as pessoas em perigo e aprendendo mais sobre a raça que decidiu proteger. A condescendência com os inimigos e a crença na humanidade integram o caráter da Mulher-Maravilha e conferem pureza à história.

Os acontecimentos se desenrolam em plena Guerra Fria, com o surgimento de um artefato mágico capaz de realizar desejos, mas também de gerar o caos para a humanidade. Com isso, Diana entra em conflito com dois adversários imponentes: o empresário de mídia Maxwell Lord (Pedro Pascal) e a amiga que se tornou inimiga Barbara Minerva (Kristen Wiig), enquanto tenta superar uma vulnerabilidade e salvar o mundo. A química entre os personagens funciona e Wiig traz uma personalidade nova e envolvente que deve se consolidar no papel, se depender de sua excelente performance.

O roteiro é bem estruturado e as motivações dos vilões convencem porque são humanas e é fácil criar identidade pelo público, afinal quem não gostaria de ter um grande amor de volta, ser mais forte e bela ou ganhar notoriedade, respeito e admiração? Os adversários mudam à medida que vão conquistando espaço e tanto Pedro Pascal quanto Kristen Wiig souberem evoluir seus personagens com louvor. Vale mencionar que a experiência é mais rica com a produção anterior fresca na memória. O reencontro que acontece no filme é emocionante, mas é importante que o espectador tenha em mente o antecessor para captar o sentimento que a cena transmite.

A obra não se distancia do humor, trazendo graça e leveza em poucos, mas acertados momentos de comédia. É a vivacidade das cenas de ação que dão o tom do filme, desde perseguições eletrizantes a combates empolgantes e o uso do laço da verdade, que, dessa vez, não foi poupado, tudo permeado pela memorável trilha sonora marca da heroína que instiga a dinâmica de ação. É verdade que, em um momento ou outro, conta com alguns furos e facilidades narrativas, mas nada que seja insuperável.

Além de certas conveniências, o longa exagera na ambientação oitentista, fugindo um pouco da realidade e conta com 151 minutos de duração, mas a trama fluida ajuda o espectador a não perceber o passar do tempo. Como não podia deixar de ter, para o agrado dos fãs, há fan services que irão fazer muito fã irradiar emoção diante das cenas. Essas referências são muito bem encaixadas na narrativa, feitas para fã nenhum colocar defeito. O espectador mais atento nota, inclusive, um “WW” formando a arquitetura de um ambiente no início da película.

Como se não bastasse o desenrolar da trama de forma ágil, a película consegue propagar uma mensagem de amor e esperança em que cada um deve pensar no coletivo para manter a ordem e evitar o caos, ou seja, reforça o poder da empatia para o bem de todos, o que se encaixa perfeitamente no momento atual. Mostra também que cada escolha tem suas consequências e, às vezes, o preço é muito alto para se ter aquilo que aspira, partindo da conhecida premissa de que todos devem ter cuidado com o que deseja, pois os desejos podem se tornar realidade.

É interessante notar que a personagem principal não perde o protagonismo e reafirma seu carisma no decorrer da obra, mesmo diante de dois antagonistas intrigantes (seja pelo poder que exerce às pessoas, seja na força física que se destaca). Diana é amável, confiante e condescendente com seus inimigos e Gal Gadot soube captar as nuances da personagem título e deu o seu melhor para não deixar fá nenhum frustrado com a Princesa Diana, Deusa da Ilha de Themyscira, no cinema.

Mulher-Maravilha 1984 estreia em 17 de dezembro de 2020 nos cinemas.

Direção: Patty Jenkins | Roteiro: Patty Jenkins, Geoff Johns, Dave Callaham | Ano: 2020 | Duração: 151 minutos | Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig, Pedro Pascal, Robin Wright, Connie Nielsen, Lilly Aspell.