Nota do filme:
Mulher-Maravilha 1984 (WW 84), sequência de Mulher-Maravilha (Wonder Woman, 2017), é também dirigido por Patty Jenkins e consagra a franquia com o protagonismo da importante personagem tríade da DC. Neste emocionante e divertido filme, Diana (Gal Gadot) está mais confiante que antes e vivendo há muitos anos na Terra, consegue entender mais a vida humana, sem perder a fé nas pessoas.
A obra começa com uma espécie de campeonato entre as Amazonas quando Diana era criança (Lilly Aspell) e mesmo com tão pouca idade, já mostra sua determinação, coragem e vontade de vencer. Com uso da tecnologia, a menina e as amazonas dão um show de elasticidade e destreza que empolgam o espectador. O carisma de Gal Gadot é seguido pelo encanto de Lilly Aspell.
Os tons sépia de Themyscira logo dão lugar ao colorido que representa os anos 80, com suas camisas bufantes e o apego ao “futurismo”. O longa resgata não apenas o figurino, as cores e os maneirismos da época, mas também a essência e a inocência do período. A filha da rainha Hipólita segue incógnita defendendo as pessoas em perigo e aprendendo mais sobre a raça que decidiu proteger. A condescendência com os inimigos e a crença na humanidade integram o caráter da Mulher-Maravilha e conferem pureza à história.
Os acontecimentos se desenrolam em plena Guerra Fria, com o surgimento de um artefato mágico capaz de realizar desejos, mas também de gerar o caos para a humanidade. Com isso, Diana entra em conflito com dois adversários imponentes: o empresário de mídia Maxwell Lord (Pedro Pascal) e a amiga que se tornou inimiga Barbara Minerva (Kristen Wiig), enquanto tenta superar uma vulnerabilidade e salvar o mundo. A química entre os personagens funciona e Wiig traz uma personalidade nova e envolvente que deve se consolidar no papel, se depender de sua excelente performance.
O roteiro é bem estruturado e as motivações dos vilões convencem porque são humanas e é fácil criar identidade pelo público, afinal quem não gostaria de ter um grande amor de volta, ser mais forte e bela ou ganhar notoriedade, respeito e admiração? Os adversários mudam à medida que vão conquistando espaço e tanto Pedro Pascal quanto Kristen Wiig souberem evoluir seus personagens com louvor. Vale mencionar que a experiência é mais rica com a produção anterior fresca na memória. O reencontro que acontece no filme é emocionante, mas é importante que o espectador tenha em mente o antecessor para captar o sentimento que a cena transmite.
A obra não se distancia do humor, trazendo graça e leveza em poucos, mas acertados momentos de comédia. É a vivacidade das cenas de ação que dão o tom do filme, desde perseguições eletrizantes a combates empolgantes e o uso do laço da verdade, que, dessa vez, não foi poupado, tudo permeado pela memorável trilha sonora marca da heroína que instiga a dinâmica de ação. É verdade que, em um momento ou outro, conta com alguns furos e facilidades narrativas, mas nada que seja insuperável.
Além de certas conveniências, o longa exagera na ambientação oitentista, fugindo um pouco da realidade e conta com 151 minutos de duração, mas a trama fluida ajuda o espectador a não perceber o passar do tempo. Como não podia deixar de ter, para o agrado dos fãs, há fan services que irão fazer muito fã irradiar emoção diante das cenas. Essas referências são muito bem encaixadas na narrativa, feitas para fã nenhum colocar defeito. O espectador mais atento nota, inclusive, um “WW” formando a arquitetura de um ambiente no início da película.
Como se não bastasse o desenrolar da trama de forma ágil, a película consegue propagar uma mensagem de amor e esperança em que cada um deve pensar no coletivo para manter a ordem e evitar o caos, ou seja, reforça o poder da empatia para o bem de todos, o que se encaixa perfeitamente no momento atual. Mostra também que cada escolha tem suas consequências e, às vezes, o preço é muito alto para se ter aquilo que aspira, partindo da conhecida premissa de que todos devem ter cuidado com o que deseja, pois os desejos podem se tornar realidade.
É interessante notar que a personagem principal não perde o protagonismo e reafirma seu carisma no decorrer da obra, mesmo diante de dois antagonistas intrigantes (seja pelo poder que exerce às pessoas, seja na força física que se destaca). Diana é amável, confiante e condescendente com seus inimigos e Gal Gadot soube captar as nuances da personagem título e deu o seu melhor para não deixar fá nenhum frustrado com a Princesa Diana, Deusa da Ilha de Themyscira, no cinema.
Mulher-Maravilha 1984 estreia em 17 de dezembro de 2020 nos cinemas.
Direção: Patty Jenkins | Roteiro: Patty Jenkins, Geoff Johns, Dave Callaham | Ano: 2020 | Duração: 151 minutos | Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig, Pedro Pascal, Robin Wright, Connie Nielsen, Lilly Aspell.
Apaixonada por filmes e séries, queria transformar o mundo em um lugar melhor, deitada na minha cama, ligada na TV.
“Sou só uma garota ferrada procurando pela minha paz de espírito.” Kruczynski, Clementine (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças).