Crítica | Mortal Kombat (2021)

Nota do Filme:

Lançado em 1992, inicialmente para arcades e em seguida para consoles, o jogo de lutas Mortal Kombat logo virou um grande sucesso, tornando-se, com o passar do tempo, uma das franquias mais jogadas e conhecidas do mundo. Apenas três anos após seu lançamento, a história foi levada às telonas pelo diretor Paul W.S. Anderson (que depois comandaria outra adaptação de videogames em Resident Evil: O Hóspede Maldito) em uma obra que, apesar de longe de ser brilhante, envelheceu cercada de carinho pelos fãs. Após uma sequência muito criticada (Mortal Kombat: A Aniquilação, de 1997) e outras adaptações (animações e séries, para televisão e internet), o anúncio de uma nova produção com estreia marcada para 2021 causou grande expectativa e a ansiedade de que talvez fosse entregue o filme definitivo sobre o game.

Após um prólogo que estabelece a inimizade entre Hanzo Hasashi/Scorpion (Hiroyuki Sanada) e Bi-Han/Sub-Zero (Joe Taslim), somos apresentados a Cole Young (Lewis Tan), um lutador de MMA semiamador que se vê inserido em um milenar confronto no qual as forças de Outworld, comandadas por Shang Tsung (Chin Han), desejam conquistar o Earthrealm (aka Plano Terreno). Para defender sua vida e seu mundo, Young passa a contar com a ajuda de velhos conhecidos do público, como Sonya Blade (Jessica McNamee), Jax (Mehcad Brooks) e Kano (Josh Lawson), além dos experientes Liu Kang (Ludi Lin) e Kung Lao (Max Huang), sempre sob a tutela de Lord Raiden (Tadanobu Asano).

Se, em linhas gerais, a estrutura do novo MK não se distancia da trama do longa de 95 (defender o Earthrealm dos ataques de Tsung), desta vez há espaço para mais contextualizações e histórias de fundo. Assim, personagens como Scorpion e Sub-Zero deixam de ser meros capangas e passam a ter justificativas para suas ações, assim como para a rivalidade entre ambos. Em contrapartida, diversas passagens são meramente expositivas e, convenhamos, com diálogos tenebrosos. Há a sensação de que é obrigatório que todo personagem tenha seu nome anunciado em sua primeira aparição (só faltaram os letreiros).

Uma das promessas dos realizadores desta versão seria o maior nível de fidelidade ao material de origem, incluindo aí uma de suas marcas mais características – a violência extrema. Porém, embora visualmente gráfico, o filme não chega a impressionar em tal aspecto, e os fatalities mal fazem sombra aos seus equivalentes dos jogos. Assim como o design de produção deixa a desejar, especialmente na criação do Outworld, que é genérico e pouco explorado. Quanto aos efeitos visuais, são medianos – e determinado personagem é tão parecido com o Hulk de Mark Ruffalo que é possível até perguntar se não foi intencional.

Já as cenas de luta são bem coreografadas e filmadas de modo que sempre temos noção do que está acontecendo (apesar da quantidade excessiva de cortes nos momentos de combates coletivos). Nisto ajuda o fato de Mortal Kombat contar com um elenco que possui experiência em artes marciais. Mas se o grupo não decepciona nos aspectos físicos, o mesmo já não pode ser dito sobre a qualidade de suas atuações, que carece de carisma. Praticamente o único destaque é o Kano de Lawson, que, com suas tiradas rápidas e rompantes de raiva, converte o personagem em algo irritantemente divertido.

Não tendo o menor pudor em distribuir um fan service a cada oportunidade surgida, esta nova versão de Mortal Kombat atinge seus melhores resultados quando não se leva demasiadamente a sério (o grande mérito da produção de 1995 era justamente esse, e fazer o oposto foi a ruína de A Aniquilação). É uma pena, portanto, que tais momentos sejam escassos durante seus 110 minutos. Que em sua – eventual – sequência o tom correto seja encontrado.