Crítica | Judy: Muito Além do Arco-Íris (Judy) [2019]

Nota do Filme:

Provavelmente todos já ouviram falar de Judy Garland, seja na carreira de atriz ou como cantora, a estrela mirim de O Magico de Oz (1939) possui status de ícone. Contudo, o que poucos devem saber é sobre os bastidores da carreira da artista, que, por conta dos abusos que sofreu no início, levou-a morrer precocemente aos 47 anos de idade.

Inverno de 1968. Com a carreira em baixa, Judy Garland (Renée Zellweger) aceita estrelar uma turnê em Londres, por mais que tal trabalho a mantenha afastada dos filhos menores. Ao chegar ela enfrenta a solidão e os conhecidos problemas com álcool e remédios, compensando o que deu errado em sua vida pessoal com a dedicação no palco.

  Por se tratar de um filme biográfico, o requisito mínimo para isso é uma performance que consiga retratar perfeitamente o indivíduo em questão. Nesse quesito, Renée Zellweger entrega uma personagem que absorve os trejeitos da atriz, o seu tom de voz e até seus maneirismos, sendo o grande destaque da atuação o talento que Renée possui para cantar, o que é essencial para retratar uma pessoa como Judy Garland no cinema.

Contudo, o roteiro não é tão grandioso e, por muitas vezes, é incoerente e preguiçoso. Por exemplo, quando utiliza flashbacks para mostrar o passado da atriz e esses trechos parecem descolados da narrativa principal na tentativa de explicar ao público o que aconteceu. Ademais, os diálogos, em sua maioria, soam piegas ao máximo, o que eleva muito o melodrama da trama, além de apresentar resoluções de conflitos e escolhas dos personagens que surgem de repente, causando estranheza.

Desse modo, principalmente em relação aos flashbacks, a edição corta bruscamente entre presente e passado, na tentativa de estabelecer rimas visuais para ter coerência, mas banaliza esse recurso e o deixa jogado. Em relação ao ritmo, por optar a recontar o período final da vida de Judy Garland, a edição aparenta um ritmo de correria, o que dificulta em muito o desenvolvimento dos personagens, com exceção de Renée Zellweger por ela ser a principal e ter mais tempo de tela.

Com isso, os grandes destaques da produção vão para o figurino e a direção de arte, que retratam muito bem o final dos anos 60, dividido os cenários entre EUA no início e Londres a partir da metade, com designs suntuosos e elegantes para o calibre da atriz na época.

Portanto, Judy é um filme que retrata um período conturbado de uma das grandes atrizes da “era de ouro” de Hollywood, que conta com uma ótima performance de Renée Zellweger e expõe o lado escuro da fama, apesar de deixar um gosto amargo de potencial desperdiçado em uma fórmula pronta dos filmes do gênero.