Nota do Filme:
Provavelmente todos já ouviram falar de Judy Garland, seja na carreira de atriz ou como cantora, a estrela mirim de O Magico de Oz (1939) possui status de ícone. Contudo, o que poucos devem saber é sobre os bastidores da carreira da artista, que, por conta dos abusos que sofreu no início, levou-a morrer precocemente aos 47 anos de idade.
“Inverno de 1968. Com a carreira em baixa, Judy Garland (Renée Zellweger) aceita estrelar uma turnê em Londres, por mais que tal trabalho a mantenha afastada dos filhos menores. Ao chegar ela enfrenta a solidão e os conhecidos problemas com álcool e remédios, compensando o que deu errado em sua vida pessoal com a dedicação no palco.”
Por se tratar de um filme biográfico, o requisito mínimo para isso é uma performance que consiga retratar perfeitamente o indivíduo em questão. Nesse quesito, Renée Zellweger entrega uma personagem que absorve os trejeitos da atriz, o seu tom de voz e até seus maneirismos, sendo o grande destaque da atuação o talento que Renée possui para cantar, o que é essencial para retratar uma pessoa como Judy Garland no cinema.
Contudo, o roteiro não é tão grandioso e, por muitas vezes, é incoerente e preguiçoso. Por exemplo, quando utiliza flashbacks para mostrar o passado da atriz e esses trechos parecem descolados da narrativa principal na tentativa de explicar ao público o que aconteceu. Ademais, os diálogos, em sua maioria, soam piegas ao máximo, o que eleva muito o melodrama da trama, além de apresentar resoluções de conflitos e escolhas dos personagens que surgem de repente, causando estranheza.
Desse modo, principalmente em relação aos flashbacks, a edição corta bruscamente entre presente e passado, na tentativa de estabelecer rimas visuais para ter coerência, mas banaliza esse recurso e o deixa jogado. Em relação ao ritmo, por optar a recontar o período final da vida de Judy Garland, a edição aparenta um ritmo de correria, o que dificulta em muito o desenvolvimento dos personagens, com exceção de Renée Zellweger por ela ser a principal e ter mais tempo de tela.
Com isso, os grandes destaques da produção vão para o figurino e a direção de arte, que retratam muito bem o final dos anos 60, dividido os cenários entre EUA no início e Londres a partir da metade, com designs suntuosos e elegantes para o calibre da atriz na época.
Portanto, Judy é um filme que retrata um período conturbado de uma das grandes atrizes da “era de ouro” de Hollywood, que conta com uma ótima performance de Renée Zellweger e expõe o lado escuro da fama, apesar de deixar um gosto amargo de potencial desperdiçado em uma fórmula pronta dos filmes do gênero.
Apaixonado por cinema, amante das ciências humanas, apreciador de bebidas baratas, mergulhador de fossa existencial e dependente da melancolia humana.