Crítica | Hotel Artemis

A crítica de hoje foi feita em parceria com o também crítico do site, Victor Martins! O longa estrelado por grandes nomes conhecidos, como por exemplo, Jodie Foster (O Quarto do Pânico), Sterling K. Brown (This is Us), Sofia Boutella (Atômica), Jeff Goldblum (Jurassic Park), Dave Bautista (Guardiões da Galáxia) e muito mais, Hotel Artemis mostra a cidade de Los Angeles no ano de 2028 em uma de suas noites mais violentas. Sherman Atkins (Sterling K. Brown) e seu irmão estão assaltando um banco e entram em confronto com os policiais.

O roteiro trata todos os personagens como protagonistas, algo que John Ford fazia muito bem, definindo os arcos de cada personagem de forma direta entre os três atos da projeção. Sherman (Sterling K. Brown) é uma pessoa frustrada devido a projetos que não deram certo, Nice (Sofia Boutella) é uma assassina segura, sem medo de cumprir seus objetivos, mas com insegurança na vida, a Enfermeira (Jodie Foster) passou por muita coisa, levando-a a usar o trabalho como válvula de escape.

Quando seu irmão fica ferido, Sherman liga para A Enfermeira que comanda, por mais de 20 anos, um hospital com tecnologia de ponta para criminosos na cobertura do Hotel Artemis.

Os hospedes precisam usar codinomes enquanto são tratados e tais codinomes são designados de acordo com destinos turísticos famosos. A assassina francesa vivida por Sofia Boutella dá entrada como Nice devido ao seu claro sotaque, Sherman vira Waikiki e seu irmão recebe o codinome de Honolulu. Já o personagem interpretado por Jeff Goldblum, o mafioso Wolfking e criador do tal hospital fica conhecido como Niágara.

Hotel Artemis tem como roteirista o já conhecido Drew Pearce (Homem de Ferro 3), mas nesse filme ele estreia na função de diretor também. O motivo pelo filme ser ambientado em Los Angeles é explicado pelo roteirista e diretor.

“Sou da Escócia e vivi a maior parte da minha vida na Inglaterra. Depois de ficar em Los Angeles por mais tempo devido ao longa Homem de Ferro 3, minha mulher e eu sabíamos que precisávamos nos mudar. Estamos aqui faz quase sete anos, encaixotamos tudo e nunca olhamos para trás. ”

Já a atriz Jodie Foster cresceu em Los Angeles, mas ela compartilha do mesmo sentimento de Drew. “Tem uma nostalgia sobre Los Angeles no Hotel Artemis. O filme tem um lado emocional da cidade, como a cidade da oportunidade, da falta de leis e da rica história cinematográfica”, disse a atriz.

“O filme tem um aspecto de suspense, mas também se passa no seu próprio universo, é uma mistura de gêneros”, diz Jodie e Sterling concorda. “Ele é escuro e futurista, engraçado, mas com um pouco de tristeza. Nós estamos em um ambiente interessante onde mostra que nem todos criminosos foram criados do mesmo jeito”, descreve o ator sobre o filme.

O produtor Simon Cornwell disse que o filme retrata várias histórias diferentes, mas tais histórias se juntam em algum ponto e seu irmão Stephen Cornwell, que também é produtor do longa, acrescenta que nem todos podem ter o que querem.

Cada um deles são os protagonistas dos três atos e todas as histórias culminam no hotel, que serve como ponto de encontro entre os arcos que tem um aspecto em comum, o mafioso interpretado por Jeff Goldblum.

Hotel Artemis é um filme que funciona devido a pontos que parecem, a um primeiro olhar, obrigação de todo filme: um roteiro bom e fechado, uma fotografia inventiva e uma montagem bem definida, que traz ritmo a obra.

O ritmo da obra funciona devido a janela de tempo que é representada nas quase 2 horas de filme, onde é retratada apenas uma noite, noite essa que determina o futuro dos personagens e do Hotel Artemis, apesar desse futuro não ser apresentado, assim como o passado de cada um deles.

A fotografia usa a cor como maneira de comunicar sentimentos que os protagonistas desejam passar para a tela, mas que não fazem porque tem que manter uma imagem devido a situação do filme. O azul, usado em sua maioria nas cenas externas, passa uma sensação inebriante, os tons acinzentados dos quartos de hotel, transmitem a aura de morte que hospitais as vezes carregam e o vermelho indica essas mortes se concretizando.

Logo, as mortes ditas “relevantes” do filme não ocorrem apenas nas cenas em vermelho a toa, elas acontecem ali, devido aos clímax dos arcos se encontrarem todos ao mesmo tempo, graças a montagem paralela, que usa os cortes para criar ritmo, harmonia entre os fatos ocorridos ao mesmo tempo e claro, dar a quantidade ideal de duração na tela para o elenco, que as aproveita muito bem.

Foster consegue mostrar duas coisas opostas ao mesmo tempo, uma é que ela tem vontade e gosta de ajudar as pessoas, a outra são os motivos que a levaram a fazer o que faz, uma trajetória cruel, que denota força na personagem. Brown quer sair da frustração da sua vida e a única ferramenta que ele vê para isso é o crime, assim como Boutella, porém, se a moça gosta de seu trabalho, o rapaz não se sente a vontade com ele.

Usando uma rebelião devido a privatização de água, algo que pode nos atingir daqui há poucos anos, como motor do filme e remetendo a “Fuga de Nova York” de John Carpenter em alguns momentos, Pearce cria um filme que é direto, objetivo no que deseja, firme nos arcos e que funciona justamente por isso.

Bela estreia na direção de um roteirista prolífico. Ficou curioso? O filme estreia dia 13 de setembro nos cinemas brasileiros!