Nota do Filme:
Após os acontecimentos de Os Vingadores, O bilionário Tony Stark (Robert Downey. Jr) se sente atormentado e com fortes crises de ansiedade desde que entrou no buraco de minhoca para salvar a cidade de Nova York. Para ocupar a mente, ele começa a construir diversas versões derivadas de sua armadura até chegar no modelo final Mark 42. Enquanto isso, uma ameaça iminente com o nome de Mandarim (Ben Kingsley) surge ordenando ataques terroristas ao redor do planeta com o grupo chamado Dez Anéis. Stark precisa lidar com este novo inimigo e com arrependimentos do passado envolvendo o cientista Aldrich Killian (Guy Pearce) e a bióloga Maya Hansen. (Rebecca Hall).
Este deveria ser o desfecho marcante do herói que fez a estreia no universo expandido da Marvel com o notável Homem de Ferro (2008), porém após o lançamento do segundo filme em 2010, foi possível notar uma certa dificuldade para criar arcos interessante sobre Stark. E neste projeto existe uma tentativa até que eficiente na superfície, embora longe de ser precisa como o primeiro longa. Nota-se muito esforço para desenvolver personagens dentro da trama e as resoluções são majoritariamente insatisfatórias.
Começando pelo próprio Homem de Ferro que desta vez é atormentado pelos conflitos sobre o fardo de ser herói e o medo da morte, são tópicos convincentes, porém existe uma instabilidade constante do drama seguido pelo humor ao ponto do espectador não levar a sério a fragilidade do personagem, isso é um problema recorrente da fórmula Marvel.
O tom ameaçador de Mandarim também é colocado em risco quando o roteiro introduz uma reviravolta inusitada prejudicando a performance e o talento de Ben Kingsley. Aldrich Gillian interpretado por Guy Pearce cresce durante a trama, mas fica preso aos estereótipos do personagem. Maya Hansen interpretada por Rebecca Hall é utilizada apenas como rosto bonito e affair de Stark, sendo completamente desperdiçada durante a projeção.
Já a direção de Shane Black (fez a ótima comédia Beijos e Tiros com Downey Jr no elenco) é eficiente quando se trata de ação e composição do cenário. Há espaço suficiente em cena para boas batalhas coreografadas, além do equilibrado CGI mostrando as diversas camadas dos trajes de Tony Stark. Destaque para a sequência claustrofóbica onde o Homem de Ferro precisa salvar uma dúzia de civis caindo do avião no início do terceiro ato. O roteiro também assinado por Black sofre para explorar temas sobre a política corrupta dos EUA, o terrorismo mundial e também o relacionamento entre Stark e Pepper Potts, deixando a sensação de trabalho inacabado.
Homem de Ferro 3 traz gosto amargo para o público após a projeção, pois tenta proporcionar um desfecho convincente para o querido personagem Tony Stark, mas sempre se mantém refém dos maneirismos da fórmula Marvel, resultando em uma obra completamente unidimensional. Ao menos, teremos participações especiais do herói em próximos filmes como Guerra Infinita e Homem-Aranha: De Volta ao Lar.
Carioca da gema e Jornalista. Completamente apaixonado pela filmografia de David Lynch e Paul Thomas Anderson. Nas horas vagas, costumo assistir filmes da Criterion Collection ou da A24, além da vasculhar discografias de Indie Rock e Alternativo.