Nota do Filme:
O comovente longa conta a história real de Harriet Tubman (Cynthia Erivo), ativista política que ajudou centenas de escravos a fugirem do sul dos Estados Unidos, logo depois que ela conseguiu escapar da escravidão, no ano de 1849. Suas ações contribuíram fortemente para que a história tomasse um novo direcionamento. Trata-se de um filme biográfico de drama, dirigido por Kasi Lemmons, que escreveu o roteiro com Gregory Allen Howard.
A escravidão é um tema amplamente abordado pelo cinema, com obras chocantes que lembram o quanto cruel pode ser o ser humano, que reduziu todo um povo à mera mercadoria. No entanto, a trama de Harriet emociona mais pelo fato de ser baseada em fatos do que pela forma como a história é contada. Não consegue fugir de clichês, com discursos apaixonados e relatos comoventes, além de contar com conveniências narrativas e usar da comoção para atingir o espectador, segue uma fórmula sem ousar.
Logo no início, a protagonista tem a oportunidade de mostrar sua capacidade de liderança e determinação, quando ajuda o primeiro grupo a se libertar. Ignorando as recomendações do amigo William Still (Leslie Odom Jr.) – presidente do Comitê de Vigilância da Sociedade Anti-Escravidão da Pensilvânia – que diz que o resgate de escravos requer habilidade e planejamento cuidadoso, ela dá início a primeira tentativa de libertação.
No decorrer do longa são apresentadas visões de Harriet de eventos do passado e possivelmente do futuro e ela conta que depois de sofrer um ferimento na cabeça passou a ter essas visões que acredita serem mensagens de Deus. Ocorre que o filme se apoia demais nesse fato, servindo tais imagens como guia para o êxito das fugas, o que distrai o espectador e tira o foco da narrativa. Além disso, há cenas repetitivas, ideias já mostradas antes se reiteram, demonstrando, no mínimo, falta de criatividade do roteiro. A passagem final entre Gideon Brodess (Joe Alwyn) e a personagem principal soa caricata e pouco crível.
O figurino e os cenários retratam bem a época e a fotografia é eficaz e bem demarcada, mas essa não parece uma obra capaz de surpreender o público. As músicas contribuem para o andamento da narrativa, sendo algumas executadas de maneira bela e representativa por Erivo. As atuações estão conforme a exigência do drama, mas não há destaques, exceto pela protagonista, que se impõe com firmeza e segurança no difícil papel, sendo a responsável por elevar o filme, conferindo energia à película.
O roteiro conta com discursos comoventes e cenas de ousadia e coragem daquela que foi uma figura crucial, sendo uma das poucas mulheres a liderar uma expedição armada durante a Guerra Civil Americana. Contudo, segue uma fórmula, sem inovar muito no modo de contar uma história perversa da humanidade, mas já conhecida por todos. Vale pela importância temática e histórica, pois saber sobre a vida de uma escrava que se tornou uma abolicionista militante e conduziu centenas de pessoas rumo à liberdade é enriquecedor.
Harriet tem estreia prevista para 06 de fevereiro de 2020 nos cinemas brasileiros.
Direção: Kasi Lemmons | Roteiro: Kasi Lemmons, Gregory Allen Howard | Ano: 2019 | Duração: 125 minutos | Elenco: Cynthia Erivo, Leslie Odom Jr., Clarke Peters, Jennifer Nettles, Janelle Monae, Joe Alwyn, Vanessa Bell Calloway, Zackary Momoh.
Apaixonada por filmes e séries, queria transformar o mundo em um lugar melhor, deitada na minha cama, ligada na TV.
“Sou só uma garota ferrada procurando pela minha paz de espírito.” Kruczynski, Clementine (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças).