Nota do Filme:
Assistir “Gerry” não é tarefa fácil, mesmo com suas uma hora e trinta e oito minutos de duração, o filme tem um ritmo difícil, maçante e unidimensional durante todo o tempo. A obra lançada no ano de 2002, dirigida por Gus Van Sant e escrita por ele em conjunto com Casey Affleck e Matt Damon (os únicos personagens do filme), é cansativo, como nenhum outro trabalho do diretor.
O filme conta a história de dois personagens de mesmo nome, Gerry, interpretados por Affleck e Damon. Os rapazes estão em uma viagem, que não tem um destino definido pelo diretor e no caminho desta, passam por um deserto, onde ficam perdidos e sozinhos. Acompanhamos a busca deles pelo carro deixado na estrada no início da obra.
Ou melhor, acompanhamos suas caminhadas, pois não sabemos onde de fato estão indo e os motivos de não terem levado um mapa, ou de terem largado o carro no meio do caminho, então, o público apenas assiste as suas andanças, conversas e a passagem dos dias, tudo isso pelo ponto de vista dos dois.
Por não ter um objetivo e não demonstrar que vai ter um, a obra se torna unidimensional no seu roteiro, sem um grande atrativo na história e com um vazio a ser preenchido por metáforas e experiencias que o próprio espectador tem que criar, ou no caso das experiencias, relembrar, durante a projeção, assim, caso não faça isso, o público fica fadado a um filme maçante.
Mas, é interessante como criar um filme maçante,unidimensional e vazio, foi exatamente a intenção de Gus Van Sant. Ele quer que o público se sinta entediado, pois esta é uma ferramenta de empatia com os dois personagens da obra, até porque, eles estão entediados por estarem no meio do deserto, estão perdidos não apenas em relação a localidade, mas também no que diz respeito a vida, já que aparentemente, nenhum deles tem (ou teve) algum tipo de perspectiva em algum momento.
Além disso, o filme é maçante, pois como dito, a experiencia deles é maçante, mas, também é sofrido, pois a experiencia deles é muito difícil, eles não tem nenhuma esperança de escapar dali, além de que o fato de os dois terem o mesmo nome, terem a mesma raça (ambos brancos), o mesmo estilo de roupa e o mesmo corte de cabelo, ambos se completam no que diz respeito a personalidade, já que são o exato oposto um do outro.
Logo, é perfeitamente aceitável achar o filme chato, eu mesmo achei, como é possível perceber pela nota, porém, é bacana ver como Gus Van Sant se propôs a fazer um filme exatamente desse jeito, chato, unidimensional, maçante e cumpriu seu objetivo com maestria.
Formado em Jornalismo e apaixonado por cinema desde pequeno, decido fazer dele uma profissão quando assisti pela primeira vez a trilogia “O Poderoso Chefão” do Coppola. Meu diretor preferido é Ingmar Bergman, minhas críticas saem regularmente aqui e no assimfalouvictor.com